As chuvas irregulares, característica do Centro-Oeste em anos de El Niño, estão provocando apreensão nos produtores de soja de Mato Grosso, principal Estado agrícola do país, embora ainda não existam sinais de prejuízo ao volume a ser colhido.
O relatório mais recente do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostra que 6,1 por cento da área está semeada no Estado, 2,3 pontos percentuais atrasada ante o mesmo estágio da safra 2014/15, que já estava atrás do ciclo 2013/14.
Segundo a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja MT), as áreas que avançaram no plantio são aquelas onde houve boas chuvas, mas trata-se apenas de regiões isoladas.
“Dentro do município de Sapezal, por exemplo, tem lugar em que choveu 150 a 200 milímetros e outros em que choveu 20 milímetros”, relatou o diretor técnico da entidade, Nery Ribas.
Alguns poucos produtores, que têm grandes áreas para semear e indisponibilidade de máquinas para concentrar o plantio, estão arriscando plantar na terra seca, na torcida de que as chuvas cheguem logo, relatou Ribas.
De maneira geral, no entanto, os produtores estão bastante cautelosos, esperando a regularização das chuvas, para evitar perder as sementes e incorrer em custos duplicados.
“É muito risco você plantar sem chuvas. O custo (com insumos) está muito alto”, avaliou o diretor da Aprosoja.
A semana será marcada pelo tempo firme e com possibilidade apenas de pancadas de chuvas muito isoladas, dificultando o pleno andamento do plantio da soja, disse nesta terça-feira o agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar.
“As chuvas só deverão retornar… na semana que vem”, destacou ele, em boletim.
O serviço Agriculture Weather Dashboard, da Thomson Reuters, projeta acumulado médio em Mato Grosso de apenas 3 milímetros de chuva entre quarta-feira e 28 outubro.
Em 2014, o plantio de soja ganhou ritmo a partir de 24 de outubro, com a chegada de chuvas regulares. Para este ano, Ribas evita projeções sobre o ritmo dos trabalhos: “Ainda tem tempo, mas não arrisco falar”.
Segundo ele, o atraso no cultivo de soja não apresenta, até o momento, riscos para as produtividades da oleaginosa, uma vez que lavouras iniciadas em novembro podem, facilmente, atingir bons rendimentos.
O problema, no entanto, é que o atraso da soja provoca plantio tardio da segunda safra, de milho, ampliando os riscos de as lavouras ainda estarem em desenvolvimento quando as chuvas cessarem em meados do ano que vem.