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Meio Ambiente

Mundo pode ter de capturar carbono, prevê a ONU

O texto diz que o mundo está fazendo muito pouco para atingir um objetivo acordado em 2010.

Mundo pode ter de capturar carbono, prevê a ONU

Os governos podem ser obrigados a extrair do ar enormes quantidades de gases causadores do efeito estufa até 2100, para cumprir uma meta de contenção do aquecimento mundial, paralelamente a mudanças que custarão trilhões de dólares visando a adoção de energias limpas. É o que diz o rascunho de um relatório da ONU.

Um resumo de 29 páginas destinado aos governos, ao qual a Reuters teve acesso, diz que a maioria dos cenários mostra que as crescentes emissões mundiais de gases terão que cair de 40% a 70% entre 2010 e 2050 para haver uma boa chance de limitar o aquecimento às metas estipuladas pela ONU.

O relatório, que delineia soluções para as mudanças climáticas, deverá ser publicado na Alemanha em abril, após ser editado pela Comissão Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês). Esse documento será o terceiro de uma série publicada pelo IPCC que atualiza conclusões científicas obtidas a partir de 2007.

O texto diz que o mundo está fazendo muito pouco para atingir um objetivo acordado em 2010, de limitar o aquecimento a menos de 2ºC acima da era pré-industrial, considerado um limite para evitar mais inundações, ondas de calor, secas e elevação do nível do mar. As temperaturas já subiram 0,8°C desde a Revolução Industrial.

Para cumprir os requisitos, os governos poderão ter de recorrer cada vez mais a tecnologias de “remoção de dióxido de carbono” (CDR, em inglês) do ar, num leque de ações que vão da captura e armazenamento no subsolo das emissões geradas por usinas de energia alimentadas a carvão ao plantio de mais florestas que consomem carbono para crescer.

A maioria dos projetos para a captura carbono das usinas elétricas são experimentais. Entre os grandes projetos, o da usina de Saskatchewan, no Canadá prevê capturar um milhão de toneladas de dióxido de carbono por ano.

E se o mundo ultrapassar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera coerentes com a meta de 2 ºC, a maioria dos cenários capazes de viabilizar as metas implica “implementar tecnologias de CDR a um ponto em que as emissões líquidas de dióxido de carbono se tornariam negativas” antes de 2100, diz o documento.

O relatório estima que, para limitar o aquecimento, o mundo teria de investir um valor extra de US$ 147 bilhões por ano em energias emissoras de baixos teores de carbono, como eólica, solar ou nuclear no período de 2010 a 2029.

Ao mesmo tempo, os investimentos em combustíveis fósseis teriam de ser reduzidos em US$ 30 bilhões por ano. E várias centenas de bilhões de dólares teriam de ser destinados por ano a eficiência energética em setores como transportes, construção e indústria.

O relatório diz haver enormes oportunidades para anulação das emissões mediante, por exemplo, a construção de cidades que consumam menos energia destinadas a uma crescente população global. “A maioria das áreas urbanas do mundo ainda serão construídas.”

O relatório estima que o custo de combate ao aquecimento global reduziria o consumo mundial de bens e serviços entre 1% e 4% em 2030, 2% e 6% em 2050 e 2% e 12% em 2100, em comparação com nenhuma ação nesse sentido.

O IPCC disse em setembro haver uma probabilidade de ao menos 95% de que as atividades humanas é causa principal do aquecimento.