Os produtores de Mato Grosso ainda estão às voltas com as negociações da segunda safra de milho (também chamada de “safrinha”) do ciclo 2012/13. Nas contas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), restam cerca de 10% da colheita para ser comercializada no Estado, ou 2,2 milhões de toneladas.
A oferta de volumes da safrinha mato-grossense em janeiro é pouco comum. Normalmente, as vendas do grão se encerram no fim do ano, mas nas últimas duas temporadas acabaram empurradas para janeiro, em função de superproduções. Em janeiro de 2013, ainda restava 6% da colheita para ser negociada (pouco mais de 1 milhão de toneladas), mas o volume era inferior ao disponível agora.
Apesar das preocupações com a oferta abundante, os preços reagiram. Em dezembro, os agricultores conseguiram o melhor valor pela saca desde agosto, com média de R$ 13,64. Até o momento, todo o milho safrinha de 2012/13 foi negociado no Estado à média de R$ 13,50 – bem abaixo dos R$ 15,80 de 2012, e apenas ligeiramente acima do preço mínimo estabelecido pelo governo, de R$ 13,03.
“As exportações ajudaram, mas os leilões promovidos pelo governo foram decisivos para viabilizar o escoamento da safra e um início de ano tranquilo”, disse Daniel Latorraca, gestor do Imea. Segundo ele, havia preocupações com a armazenagem de soja, “mas não deve haver muitos problemas”.
Já as vendas futuras da safra 2013/14 no país ainda são pouco expressivas. No Paraná, apenas 2% da primeira safra (estimada em 5,6 milhões de toneladas) foi negociada, indica o Departamento de Economia Rural do Estado (Deral). O número é inferior aos 13% do mesmo período de 2013 e aos 10% dos últimos anos. A cotação média da saca já contratada é de R$ 20.
Para Juliana Yagushi, analista do Deral, o câmbio favorável às exportações e a projeção de estoques mais enxutos, feita pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), deu novo impulso aos preços no Brasil, após as quedas do ano passado. “O cenário é positivo. Talvez os preços mais altos possam manter o produtor na atividade”.
Na Bahia, também praticamente não há registros de vendas das 1,7 milhão de toneladas de milho que o Estado deve colher. O cenário é bem diferente de 2013: a esta altura, 10% da safra já havia sido negociada, e em 2012, 12%.
Minas Gerais, maior produtor de milho na primeira safra, é exceção. Neste ciclo, 20% da colheita prevista (6,6 milhões de toneladas) foi negociada, ante 15% do ano passado e 13% da média dos últimos anos.
A percepção de Fábio Louzada, gerente financeiro do Sindicato Rural de Unaí, é que as granjas do centro-oeste do Estado anteciparam as compras com medo de que a alta do dólar aumentasse o interesse dos produtores pela exportação e elevasse os preços. O grão que será entregue no fim de fevereiro está sendo negociado a R$ 17 por saca.