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Economia

BNDES cria área para financiar bens de capital

Departamento já começa com uma carteira de 114 projetos, de R$ 2,7 bi; objetivo é criar dois programas de crédito para setor.

BNDES cria área para financiar bens de capital

O Banco Nacional de Desen­volvimento Econômico e So­cial (BNDES) criou, na virada do ano, o Departamento de Bens de Capital. Em funciona­mento há pouco mais de mais um mês, o departamento já começou os trabalhos com uma carteira de 114 projetos de financiamento, somando R$ 2,7 bilhões.

Segundo Luciano Velasco, chefe da nova equipe (com dez funcionários), dois programas de crédito deverão ser lançados neste ano: um com foco em inova­ção e outro com condições espe­cíficas para o setor de Máquinas e Equipamentos. Dos 87 projetos já contratados, R$ 200 milhões deverão ser liberados neste ano.

O lançamento do Inova BK, linha inserida no programa Ino­va Empresa, está previsto para maio. O modelo será o mesmo j á adotado no País (biocombustíveis) e no Inova Petro (para a cadeia de Petróleo e gás), com editais para selecionar proje­tos de inovação, com recursos do BNDES e da Finep, agência de fomento à inovação do Mi­nistério da Ciência, Tecnolo­gia e Inovação. Uma estimativa inicial aponta que o Inova BK poderia ter orçamento de R$ 3 bilhões em cinco anos.

Já o ProBK, nome do futuro programa dedicado ao setor, de­verá ficar mais para o fim de 2014. O principal objetivo será permitir uma redução no limite mínimo para empréstimos dire­tos (R$ 20 milhões), atraindo empresas de menor porte.

O financiamento do BNDES é fundamental para o setor de bens de capital. A maior parte do apoio se dá por meio de crédito para comercialização – ou seja, o financiamento aos clientes dos fabricantes de máquinas e equi­pamentos. Ano passado, o Finame, linha de crédito para esses clientes, liberou nada menos que R$ 70,460 bilhões, ou 37% do to­tal desembolsado pelo banco.

O Departamento de Bens de Capital, porém, será responsável pelo financiamento aos inves­timentos dos fabricantes – em suas linhas de produção, novas fábricas, etc. Os 114 projetos em carteira migraram de outros de­partamentos do BNDES. Antes, o apoio a esses investimentos era pulverizado: o departamento res­ponsável pelos setores olhava para a respectiva cadeia de fornece­dores de bens de capital.

“Vemos com muitos bons olhos. E a correção de um erro histórico. Um banco para o fi­nanciamento de investimentos não ter um departamento de bens de capital não faz senti­do”, diz Carlos Pastoriza, dire­tor secretário da Abimaq, enti­dade representante do setor.

Agora, a análise desses em­préstimos será centralizada no novo departamento, na Área In­dustrial. Só ficaram de fora os fabricantes de máquinas e equi­pamentos da cadeia de óleo e gás, acompanhados por um de­partamento específico na Área de Insumos Básicos do BNDES e os bens de capital de transpor­tes (ônibus, caminhões, loco­motivas e aviões), em outro de­partamento da Área Industrial.

Com a centralização, a expec­tativa é ampliar o número de empresas, sobretudo entre as de médio e pequeno portes. “As grandes empresas já estão aqui e conhecem o banco. Estamos conseguindo chegar ao peque­no e médio fabricante de bens de capital”, diz Velasco.

Pastoriza, da Abimaq, vê tam­bém a oportunidade de o banco de fomento apoiar um processo de consolidação do setor, hoje muito fragmentado em empre­sas de menor porte. “Há a necessidade de termos empresas que sejam players globais”, disse.

Segundo Velasco, do BNDES, a mudança já está co­lhendo frutos. Desde o início do ano, técnicos do novo depar­tamento têm participado das reuniões das câmaras setoriais da Abimaq para apresentar a mudança na estrutura. Já fo­ram cinco encontros e a agenda vai até abril. Com base nesses contatos, seis empresas de me­nor porte buscaram o banco pa­ra se informar sobre os emprés­timos. “Estamos com a esperança de trazer de 20 a 30 empresas para dentro do banco neste ano.” Com o Departamento de Bens de Capital, o BNDES quer facilitar o acesso das empresas a empréstimos para financiar os investimentos necessários.