De tanto exportar apenas commodities e se ver cercado pela mediocridade e olhar obtuso dos parceiros do Mercado Comum do Sul (Mercosul), o Brasil está na pior. Isso foi confirmado, quando o resultado da balança comercial de março, o pior para o mês desde 2001, trouxe, segundo especialistas, um viés de déficit comercial para o resultado do comércio exterior deste ano.
A expectativa, agora, é que a balança encerre 2014 com superávit de US$ 7,2 bilhões, irrisório. Piorando o quadro, os preços não estão reagindo e as quantidades também não. O culpado pelo resultado fraco de março, com superávit de US$ 112 milhões, foi o petróleo. É que o volume exportado está muito abaixo do esperado. Como o petróleo tem um peso grande na balança, no fim do ano é bem provável que o Brasil tenha resultado negativo nas compras/vendas com o exterior. O fato é que exceto café, carne suína, bovina e aves, é observada queda quase generalizada nos preços dos demais produtos exportados e isso se aplica a soja e derivados, açúcar e milho.
Por enquanto, no minério a queda é até pequena, mas há expectativa que se acentue em abril. Para o segundo trimestre, ainda que as exportações de petróleo não atinjam os patamares esperados, deve-se observar superávit mesmo que tímido na balança comercial, influenciado pelos embarques de soja e açúcar. A soja, sozinha, foi responsável por 18% das exportações em valores no mês passado.
O triste é que no acumulado do primeiro trimestre de 2014, o saldo ficou negativo em US$ 6,072 bilhões, o pior primeiro trimestre da história. Todos os países têm, junto aos seus governos, seus parasitas e aduladores, não menos abjetos, impudentes e interesseiros. Por isso, quando se alerta sobre os números da balança comercial, logo chegam as adjetivações.
O termo pessimista de plantão é o mais usado. No entanto, os números não mentem e contra números não há argumentos. É o caso da balança comercial. Desde 2009 que o mundo passa pela pior recessão em muitas décadas. Ora, se era algo que sabíamos pelo noticiário da crise financeira cujo epicentro foram os Estados Unidos da América (EUA), não se imaginava que a “marolinha” pudesse provocar tamanho estrago. Tanto fez o governo, capitaneado pela equipe de Guido Mantega – cujo prazo de validade venceu, segundo o ex-presidente Lula da Silva (PT) – que passamos de razoável a bem pelas ondas financeiras e econômicas que deram algumas voltas no mundo. Mas, ano velho só serve para recordações e para que, ainda nele, se façam as promessas quanto ao ano que vivemos.
Como sempre tem ocorrido, a salvação virá da lavoura. O Brasil vai continuar dependendo das commodities, que são os produtos agrícolas e minerais comercializados no exterior. O País depende 70% das cotações das commodities. Se elas se comportarem como ocorre agora, o cenário será de melhor superávit comercial, com a supersafra prevista, em torno de 195 milhões de toneladas de grãos, onde despontam o complexo soja e de minérios. Para nós, gaúchos, que dependemos em 40% do agronegócio na economia estadual, será um bom ano. Finalmente, vamos torcer para que a economia chinesa não arrefeça mais, ela que é a grande compradora do Brasil.