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Meio Ambiente

ONU aponta que emissão global de gases-estufa atingiu nível recorde

Relatório do braço científico do órgão mostra que mudanças rápidas e drásticas têm que ocorrer para limitar aumento da temperatura da Terra em 2°C até o fim do século.

ONU aponta que emissão global de gases-estufa atingiu nível recorde

As emissões globais de gases-estufa atingiram níveis recordes apesar das políticas existentes para enfrentar a mudança do clima. As emissões cresceram mais entre 2000 e 2010 do que em cada uma das três décadas anteriores, aponta relatório do IPCC, braço científico das Nações Unidas.

“O que está muito claro é o fato que a tendência de aumento das emissões de gases-estufa tem que acabar rapidamente. E que todas as sociedades têm que estar a bordo”, disse em alto e bom som o indiano Rajendra Pachauri, presidente do IPCC, esta manhã, em Berlim.

O sumário para formuladores de políticas sobre o relatório de mitigação da mudança do clima foi discutido, esta semana, por representantes de 195 governos e cientistas de 85 países. Trata-se do mais importante estudo sobre gases-estufa, volumes e estratégias de redução produzido no mundo nos últimos cinco anos.

Outra mensagem importante do estudo foi que a queima de combustíveis fósseis no transporte e nas indústrias respondeu por 78% do aumento total das emissões entre 1970 e 2010. A metade das emissões de gases-estufa provocadas por atividades humanas desde a revolução industrial aconteceram nos últimos 40 anos.

Aumento de temperatura

A boa notícia é que ainda é possível limitar o aumento da temperatura em 2°C até o fim do século se mudanças rápidas e drásticas acontecerem no setor de energia. O uso de combustíveis fósseis têm que ser reduzido fortemente. O uso de energias renováveis ou outras alternativas de baixa emissão — como nuclear ou queima de fósseis com sistemas que aprisionem carbono (conhecidas por CCS) –, têm que triplicar ou até quadruplicar até 2050.

O relatório diz que as promessas que os países fizeram em reuniões climáticas como a de Cancún, em 2010, são muito insuficientes, mesmo se seguidas à risca.

Ainda assim, é possível tentar manter o aumento da temperatura da Terra em 2°C até o fim do século, o que evitaria desastres naturais mais intensos do que já se têm hoje em todo o mundo. Para isso as emissões de gases-estufa têm que ser reduzidas de 40% a 70% em 2050 em relação aos níveis de 2010 e chegar em níveis perto de zero no fim do século.

O alemão Ottmar Edenhofer, um dos três presidentes do grupo de cientistas responsáveis por elaborar o relatório do IPCC, resumiu de forma simples e clara o que o estudo mostra: “As emissões de gases-estufa estão crescendo a um ritmo muito veloz, o crescimento econômico e o aumento da população são fatores que puxam esta tendência e na última década vimos um grande aumento no uso do carvão que se tornou mais barato.”

Pachauri completou que “uma das principais mensagens é que há uma necessidade sem precedentes de cooperação internacional. Não se vai conseguir nada individualmente”, disse. “A redução de gases-estufa não pode ser vista de maneira estreita, mas em um espectro largo. Políticas climáticas produzem muitos co-benefícios.”

Youba Sokona, cientistas de Máli e outro vice-presidente do grupo de trabalho, disse que “os formuladores de políticas têm que se responsabilizar sobre nosso futuro comum”. “Eles são os navegantes, têm que fazer decisões. Este relatório é um mapa amplo e claro em direção ao futuro.”

O alemão Edenhofer lembrou ainda que “as mudanças que a mitigação exige na economia serão enormes”. “Isso não quer dizer que a economia global tem que sacrificar seu crescimento econômico. Quer dizer que talvez tenha que atrasar um pouco esse crescimento.”