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Agroindústrias

Com opções limitadas, Tyson pode seguir na briga com JBS pela Hillshire

Razão é que a empresa tem poucas alternativas para conquistar uma fatia de mercado significativa no varejo americano de forma rápida.

Com opções limitadas, Tyson pode seguir na briga com JBS pela Hillshire

Será que as linguiças e salsichas da Hillshire Brands Co. serão irresistíveis demais para a Tyson Foods Inc. deixar passar, mesmo a um preço aproximado de US$ 7 bilhões?

A Tyson precisa decidir nos próximos dias se vai tentar superar a oferta de US$ 6,8 bilhões feita pela Pilgrim’s Pride Co., subsidiária americana da rival brasileira JBS SA, para adquirir a Hillshire, fabricante de produtos populares entre os consumidores americanos.

Uma oferta vencedora para abocanhar a Hillshire seria facilmente o negócio mais caro já feito pela Tyson e exigiria que a empresa, que tem sede em Springdale, no Estado do Arkansas, recorra a grandes empréstimos ou emita novas ações. Ainda assim, os analistas dizem que as finanças da Tyson a colocam em condições de fazer uma oferta maior, e muitos preveem que essa será a decisão da empresa. O motivo: A Tyson tem poucas alternativas para conquistar uma fatia de mercado significativa nos supermercados americanos de forma rápida.

“Depois da Hillshire Brands, qual seria o plano B?”, pergunta John Baumgartner, analista da Wells Fargo Securities. “É difícil achar outra empresa que tenha a mesma qualidade.”

Os produtos da Hillshire, que incluem também frios e sobremesas, são líderes nas prateleiras de muitos supermercados – e oferecem margens de lucro mais elevadas do que a carne não processada, que representa uma grande parte das vendas tanto da Tyson quanto da Pilgrim’s.

A marca Jimmy Dean, que inclui linguiças e frios, tem 31% do mercado de presunto e linguiças comuns no café da manhã do americano. Isso representa quase o triplo do seu rival mais próximo, e as salsichas Ball Park são líderes, com 22% do mercado, de acordo com a IRI, firma de pesquisa de mercado de Chicago. As vendas dos produtos Tyson nesses setores representam uma fração das registradas pela Hillshire.

“Ninguém tem a força [das marcas da Hillshire] em muitas das categorias” nas gôndolas refrigeradas de produtos processados de carne, disse o diretor-presidente da Tyson, Donnie Smith, em uma teleconferência com analistas para debater a oferta de US$ 6,1 bilhões, sem incluir dívida, feita pela empresa na semana passada.

Um porta-voz de Tyson não quis comentar para este artigo.

Na terça-feira, o conselho de administração da Hillshire autorizou negociações com a Pilgrim’s e a Tyson. Ao ter acesso aos livros contábeis da Hillshire, as duas empresas poderiam analisar melhor quanto ela realmente vale e até quanto estariam dispostas a elevar suas ofertas.

A JBS, que é dona de 75% da Pilgrim’s, vem empreendendo uma campanha de aquisições nos últimos dez anos, liderada pelos seus ambiciosos donos, os irmãos Batista. Mas alguns analistas acreditam que a Tyson sairá vencedora, considerando o seu caixa gordo e a capacidade que terá de cortar custos nas operações da Hillshire. A Tyson teve um lucro de US$ 1,8 bilhão antes de impostos, amortização e depreciação em 2013, contra US$ 800 milhões da Pilgrim’s.

“A sinergia potencial na Tyson é bastante superior à da Pilgrim’s, principalmente no segmento de carne de porco”, escreveu Diane Geissler, analista da CLSA Americas LLC, numa nota de análise na semana passada.

Caso a Tyson não consiga comprar a Hillshire, ela praticamente não terá alvos alternativos. A Oscar Mayer, divisão de produtos de carnes da Kraft Foods Group Inc., é atraente, mas pode ser inalcançável. Ela domina o mercado de frios nos Estados Unidos, com 38% das vendas no varejo, e é a segunda maior em vendas de bacon e salsichas, segundo a IRI.

Alguns analistas acreditam que as ofertas generosas pela Hillshire poderiam levar a Kraft a também considerar ofertas, mas outros dizem que a empresa hesitaria em se desfazer de uma de suas marcas de melhor desempenho no varejo.

Um porta-voz da Kraft não respondeu imediatamente a pedidos de comentário.

Já a Hormel, líder em vendas no segmento de carne enlatada, molhos e salame, é outra presença de peso nas prateleiras dos supermercados, tendo registrado uma receita de US$ 8,8 bilhões em 2013. Mas ela tem um valor de mercado de US$ 13,1 bilhões, cerca de duas vezes maior que o da Hillshire e quase igual ao da Tyson, de US$ 14,5 bilhões. Perto de 46% das ações da Hormel são controladas pela Fundação Hormel, uma organização sem fins lucrativos formada pelo filho do fundador, um fato que, segundo analistas, complicaria um potencial negócio.

Um porta-voz da Hormel não quis comentar.

Com isso, sobra um punhado de empresas do setor de proteína, que poderiam ser menos importantes para um gigante mundial como a Tyson. Um possível alvo de porte adequado seria o braço de varejo da Bob Evans Farms Inc. Suas marcas de linguiça Bob Evans e Owens são, juntas, a terceira em produtos matinais. Além disso, a empresa também vende sanduíches, purê de batata, molhos e massas. Mas suas marcas de alimentos geram cerca de 10% da receita total da Hillshire.

Até agora, o conselho da Bob Evans não se mostrou muito disposto a separar seus negócios de supermercados e restaurantes, mas, se o perdedor da briga pela Hillshire estiver interessado, ele terá um aliado. O Sandell Asset Management Corp., um fundo de investimento ativista, vem pressionando a Bob Evans a se desmembrar e vai tentar substituir a maioria dos membros do conselho da empresa numa assembleia em meados do ano.

“Quando a poeira baixar, a empresa que perder a Hillshire vai ficar com uma opção limitada de negócios”, diz Tom Sandell, o dono do fundo. As marcas Bob Evans e Owen “poderiam ser alvos maduros”, diz ele num e-mail.

Um porta-voz da Bob Evans não quis comentar.

Pessoas próximas ao Sandell dizem que o fundo ficou encorajado com a guerra de ofertas pela Hillshire, mas que não conversou com Tyson, Pilgrim’s, Hormel ou qualquer outro possível candidato a comprar os produtos de supermercados da Bob Evans.