O Brasil está perdendo oportunidades de negócios e deixando de desenvolver laços mais fortes com as principais economias africanas, num momento em que o continente está se transformando em razão de uma classe média em ascensão e do forte crescimento do PIB. A avaliação é da Safmarine Container Lines, especializada no transporte marítimo de cargas em contêineres entre a África, o Oriente Médio e o subcontinente indiano.
O ritmo de crescimento do comércio com nações como a Nigéria, Gana, Senegal e África do Sul, diminuiu, estagnou ou recuou entre 2010 e 2013. No primeiro trimestre de 2014, o comércio declinou em razão de uma série de obstáculos, incluindo exportações ou restrições fiscais sobre produtos como bebidas e maior concorrência da China. No entanto, o comércio com Angola continua a melhorar, em virtude dos fortes laços culturais e da língua portuguesa.
A Safmarine acredita que há oportunidades, em especial para os setores de bebidas e alimentos, por diferentes mercados. A classe média da África já ultrapassa 310 milhões de pessoas, considerando uma população de mais de 1,1 bilhão. A África tem a classe média mais crescente do mundo e os gastos também devem passar de US$ 860 bilhões para US$ 1,4 trilhão, em 2020, de acordo com o McKinsey Global Institute.
“A África representa uma nova fronteira de crescimento para o Brasil. Há oportunidades significativas para expandir, mas somente as maiores empresas do Brasil estão começando a enxergá-las, tais como explorar a proteína, as bebidas, maquinários ou o mercado de fertilizantes em todo o continente africano”, diz Dirk Van Hoomissen, diretor-gerente da Safmarine no Brasil. “Vemos oportunidades reais para o aumento de dois dígitos, mas eles dependem do forte comércio e dos laços culturais e políticos entre o Brasil e os principais mercados da África. Quando se trata de África, considera-se a Ásia e Europa como principais parceiros comerciais e não a América Latina”, acrescenta.
Atualmente, a África necessita de grandes investimentos em processamento agrícola, maquinários e logística, infraestrutura de mercado e redes de varejo para ajudar a
Para o Brasil, os três maiores mercados são a África do Sul, Angola e Gana, respectivamente, e os produtos chaves para a África são, normalmente, proteína transportada em contêineres refrigerados e açúcar, em contêineres secos.
África do Sul – “A África do Sul compete com o Brasil em muitas áreas, como frutas, e procura por mais mercados, como Europa, Oriente Médio e Ásia”, diz Luke Ramsey, chefe de vendas para a África do Sul e gerente comercial. “Entretanto, há oportunidades de crescimento especialmente em alimentos processados, além de polímeros, cera e peças automotivas. Magnitude também é importante para o crescimento deste mercado”, acrescenta. O Brasil ainda está para se tornar um dos cinco mercados top para a África do Sul, apesar do gigante latino-americano ser o maior processador mundial de carnes para a crescente demanda da classe média daquele país.
Angola – O Brasil é o terceiro maior mercado de Angola, que depende do comércio de frango e importa açúcar e feijão. “O setor agrícola local é inexistente, por isto os produtos vindos do Brasil não são fáceis de substituir localmente. Levará um longo tempo até que Angola consiga desenvolver sua própria indústria agrícola e isto proporciona oportunidades para o nosso País oferecer mais produtos além do açúcar”, diz Dakalo Mboyi, gerente do Grupo da Safmarine em Angola.
Grupo Nigéria, Togo, Benin e Gana – O comércio entre o Brasil e este grupo diminuiu entre 2010 e 2013. As exportações de açúcar tiveram um declínio. Por exemplo, a região está comprando mais frangos dos Estados Unidos do que do Brasil.
“Acreditamos que o Brasil seja um continente com prósperas oportunidades de comércio nos países do nosso grupo. Exportações tradicionais envolvem consumíveis, como açúcar, aves, carne e tabaco. Infelizmente, temos um sistema de cotas implementado em alguns de nossos mercados para estes produtos e em locais como a Nigéria carne e aves são proibidas. Entretanto, é importante mantermos o fluxo de comércio e continuarmos identificando novas oportunidades de negócios entre o Brasil, Nigéria, Gana, Benin e Togo, respectivamente”, diz Lara Lana, chefe da Safmarine para África Central e Ocidental.
“Por exemplo, se considerar o número de nigerianos que vivem no Brasil, existe a oportunidade de exportar alimentos e outros tipos de conteúdo local para o Brasil.
Entre outras oportunidades inclui identificar cargas que estão sendo transportadas a granel, que podem ser enviadas de forma mais eficiente em contêineres”, acrescenta.