A China deverá aumentar suas importações de soja na próxima temporada frente ao crescente e aquecido setor de rações no país, como mostra uma pesquisa feita pela agência internacional de notícias Bloomberg. O estudo mostrou que a recente e acentuada baixa dos preços favoreceu as margens de processamento no país, estimulando esse incremento nas compras.
Na última semana, a China adquiriu 2 milhões de toneladas e mais 120 mil da safra 2013/14 dos EUA nesta segunda-feira (21) após os preços recuarem aos menores patamares em quatro anos na Bolsa de Chicago. Sobre o ano comercial que se inicia em 1º de outubro, a perspectiva da agência é de que as importações da nação asiática possam subir 7% e chegar a 73 milhões de toneladas.
“Com a recuperação da demanda no setor de alimentação animal, os menores custos das importações devem favorecer as margens de esmagamento no país”, disse a analista Monica Tu, da Shangai JC Intelligence Co. à Bloomberg.
Para Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest, o indicativo dessa melhora nas margens de esmagamento no país é de extrema importância para se entender o comportamento da demanda mais adiante. “A China é o driver do mercado. Se a China vai bem, o sojicultor vai bem”, diz.
A suinocultura, segundo explica Araújo, é o principal direcionador da demanda chinesa pela oleaginosa e caso haja uma continuidade de melhora das margens dos suínos, como já vem acontecendo, aumenta a necessidade da China de atender essa demanda dos animais por farelo de soja.
Segundo uma consultoria chinesa de produção de proteína animal, a média de preços dos suínos pode subir 18% no segundo semestre deste ano e aumentar ainda mais em 2015. Além disso, a avicultura no país também vem batalhando para tornar-se mais rentável, estimulando os produtores a aumentar seus estoques.
“Os grandes compradores estão se protegendo pois sabem que terá demanda crescente a partir de novembro – com o aumento da mistura do biodiesel no diesel passando de 6 para 7%, o setor de rações está aquecido e a demanda internacional está muito forte e isso está trazendo os prêmios para cima”, explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting. “A demanda está vindo mais rápida. Os compradores estão vindo ao mercado porque ele precisa do grão e, mesmo com Chicago em baixa, ele sabe que o produtor norte-americano não vai vender a preços tão baixos”, completa.
Ainda de acordo com Brandalizze, há cerca de quatro anos, a China tinha entre 17 e 18 milhões de toneladas de soja em estoques e consumia, na mesma época, pouco mais de 55 a 60 milhões de toneladas. Hoje, os estoques variam entre 12 e 13 milhões de toneladas e o consumo já pode subir para 85 milhões de toneladas. “Então, se houver um excedente, certamente os chineses vão pegar esse volume, melhorar seus níveis de estoques e correr menos riscos de inflação”, explica.
Oil World: Preços do farelo mais competitivos
Uma projeção feita pela consultoria alemã Oil World mostra que, com esse expressivo aquecimento do setor de alimentação animal e com a queda expressiva da soja em grão, os preços do farelo deverão ficar mais competitivos nessa safra, incentivando seu consumo.
Este ano, os preços do derivado de soja registraram sua pior performance no Índice de Commodities da Bloomberg, recuando cerca de 20%. “Com as expectativas de elevados estoques na próxima safra resultando em preços mais pressionados, o consumo mundial do farelo das oito principais oleaginosas cultivadas devem registrar um recorde, liderados, é claro, pelo farelo de soja”, disse a Oil World em seu último relatório.
A produção mundial de farelo de soja, de acordo com uma previsão da consultoria, pode crescer de 187,6 milhões para 198,6 milhões de toneladas e as exportações globais podem subir para 64 milhões de toneladas no ano comercial 2014/15, contra 61 milhões da temporada anterior.
Com informações da agência Bloomberg.