Após investimentos da ordem de R$ 70 milhões, a BRF inaugura hoje (03/09) a ampliação de sua fábrica em Tatuí, município paulista localizado a 130 quilômetros da capital do Estado. De acordo com o diretor de qualidade e inovação da companhia, Ralf Piper, os recursos foram empregados na construção de uma área anexa à fábrica voltada à produção de frios fatiados.
O executivo afirmou ao Valor que o investimento em Tatuí é um exemplo da estratégia delineada pela gestão do empresário Abilio Diniz, presidente do conselho de administração da BRF desde maio de 2013. A intenção é orientar a produção da empresa de acordo com foco no consumidor, e não o inverso, como acontecia antes.
“No caso dos fatiados, fazemos o atendimento do pedido do cliente de forma diferente. Produzimos a partir do pedido, e isso é um desafio”, disse Piper. Na prática, é uma inversão total do fluxo industrial. A BRF só faz o fatiamento dos produtos como queijo, presunto, mortadela e peito de peru após o pedido feito pelo supermercado, explica.
Nos produtos fatiados, a logística é fundamental, já que o prazo de validade dos produtos é menor. No futuro, esse modelo também será replicado em outros produtos que tenham prazo de validade inferior a 30 dias, acrescenta a diretora de marketing da BRF, Marcela Mariano.
Em funcionamento há dois meses em fase experimental – atualmente, são produzidas 12 toneladas por dia, diz ele -, a produção de frios fatiados atende a uma demanda dos supermercados, disse Piper. “Para fazer o fatiamento dentro de um supermercado, é preciso atender regras de segurança alimentar, ter um ambiente preparado”, afirmou. A diretora de marketing da BRF vai além. “É um movimento meio sem volta para o mercado brasileiro. Hoje, em qualquer supermercado fora do país, você não tem mais fatiadores”, disse ela.
O executivo também destaca pontos positivos para o consumidor. Segundo ele, os frios já fatiados pela BRF tem embalagem especial, o que permite que os produtos tenham mais frescor e, principalmente, prazo de validade. O produto fatiado da BRF, vendido com a marca Sadia e sob o nome “Soltíssimo”, dura 30 dias nas gôndolas devido à tecnologia usada pela empresa, com a extração do oxigênio da embalagem. No caso específico do presunto, há um pasteurização a frio – High Pressure Pasteurisation (HPP). Nos frios fatiados nos supermercados, o prazo de validade na gôndola é menor, de três dias, conforme Piper.
Questionado sobre o prazo de retorno do investimento de R$ 70 milhões, Piper não forneceu detalhes, mas afirmou que esse retorno se dará “dentro daquilo que normalmente [a empresa] se compromete” com o conselho de administração. Ele também não divulgou a capacidade máxima para a produção de frios fatiados em Tatuí (SP).
Diante da possibilidade de a BRF vender sua divisão de lácteos, conforme já anunciado pelos principais executivos da empresa, Piper assegurou que a produção de queijos fatiados em Tatuí não será descontinuada. “Se houver cisão da parte de queijos, vai ter um ‘player’ que vai estar junto com a gente para fazer esse fornecimento dentro dos padrões que nós preconizamos para a marca Sadia”, afirmou Piper. Atualmente, os produtos fatiados em Tatuí são oriundos de unidades da BRF no Sul do país.