Criadores de galinha caipira e fabricantes de ração para aves estão sendo prejudicados com a alta no preço do milho. A saca de 60 quilos do produto que era comercializada a R$ 25 no início de 2012, nos últimos meses está custando aproximadamente R$ 40.
Com o preço elevado, os criadores tiveram que buscar alternativas. É o caso da criadora de frango caipiria, Ondina Silveira de Oliveira. Juntamente com outra moradora, Erasmina Brisola de Almeida, há três anos ela mantém uma granja no distrito rural Rio Acima, em Itapetininga (SP). São em média 250 aves vendidas por mês. A base da alimentação é a ração concentrada e o milho, mas com alto preço dos produtos (a ração também subiu porque tem milho na composição), as sócias estão com dificuldade para continuar a atividade. “Não estamos conseguindo trabalhar com a quantidade que começamos. Isso porque a ração está muito cara. O milho subiu demais. Nós também teriamos que aumentar o preço do quilo do frango, mas o freguês, claro, diminui a compra ou deixa de comprar a carne. Para não ‘espantar’ os clientes, nós não podemos acompanhar o preço do frango na mesma proporção da alta da ração”, afirma Oliveira.
Para tentar equilibrar as contas, as produtoras estão buscando alternativas para alimentar as aves. “Estamos alimentando com mandioca, mamão, almeirão, couve, alface e outros legumes e verduras. A quirera, que era servida o dia todo, agora só no período da manhã”, explica Erasmina Almeida.
No bairro onde as mulheres têm a granja é comum a criação de galinha caipira no quintal. No comércio local, a ave é vendida viva. João Ferreira de Barros é comerciante há muitos anos e conta que está com dificuldades de encontrar os animais para serem revendidos. Isso ocorre, segundo ele, porque muitos pequenos criadores diminuíram a criação. “Se um cliente chegar hoje é pedir 20 frangos caipira eu não consigo atender”, comenta.
Barros explica que o investimento para a criação é alta porque, além do milho estar caro, o tempo para o abate das aves é maior. “O frango caipira demora muito para criar, então, para reduzir gastos com a criação, os produtores reduziram a quantidade de cabeças”, afirma.
Ração – Para os fabricantes de ração que atendem diretamente os pequenos produtores, a alta no preço do milho também está dificultando o trabalho. Giovani Donizete Fabiano de Almeida é proprietário de uma indústria especializada neste setor. Ele conta que não tem mais estoque e as máquinas, que já chegaram a funcionar mais de 20 horas por dia, estão paradas devido à escassez da matéria prima.
Ele afirma ainda que a produção no último semestre de 2012 diminuiu de 150 toneladas para 90. Segundo Almeida, que iniciou o negócio há sete anos, os fornecedores não conseguem atender a demanda. “A gente está com muita dificuldade de comprar o milho e com a alta, a ração se tornou muito mais cara e os pequenos produtores estão tendo dificuldade para comprar. Espero que agora, começando a nova safra, a situação melhore. Se não melhorar, vai ser difícil para os pequenos produtores”, diz.