Um acordo entre fundos de investimento e de pensão com o empresário Abilio Diniz pode mudar os rumos da BRF, maior empresa de alimentos do país, criada após a fusão entre Perdigão e Sadia, em maio de 2009.
O fundo brasileiro Tarpon, que tem 8% das ações com voto da BRF, e os fundos de pensão -entre eles Previ (funcionários do Banco do Brasil) e Petros (Petrobras)- pretendem assumir o comando da companhia.
Hoje, os fundos têm 5 das 10 cadeiras do conselho de administração, com quase 33,4% de participação. Esse grupo buscava um investidor para adquirir até 5% dos papéis com direito a voto.
A ideia é ter a maioria das ações com voto e maioria no conselho de administração. Além disso, querem indicar o presidente do conselho.
Outros acionistas também poderão apresentar suas chapas. A decisão será tomada em votação no início de abril, em assembleia geral de acionistas. Caso alguém com mais de 5% de participação não concorde, poderá pedir voto múltiplo, uma situação em que cada voto ganha peso proporcional à quantidade de ações. Por isso, ter maioria em ações é importante.
Essa manobra está em curso porque os fundos querem marcar presença na “nova era” da companhia após a aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) da fusão entre Sadia e Perdigão, em julho de 2011. Liderados pelo Tarpon, querem uma gestão agressiva e encontravam resistência.
ANTECEDENTES
A movimentação de Diniz é reflexo de uma disputa em curso com o Casino. A rede varejista francesa assumiu o controle do Grupo Pão de Açúcar (GPA), em junho. Com a troca, Abilio se tornou o maior acionista minoritário do GPA e presidente do conselho de administração.
O empresário negociava sua saída do grupo, mas, como nenhum acordo foi efetivado com o Casino, Abilio entrou com um pedido de arbitragem. Ao mesmo tempo, decidiu diversificar seus investimentos pessoais.
O primeiro passo foi dado no fim de 2012, quando o empresário adquiriu R$ 60 milhões em ações da BRF. Outra quantia foi incorporada neste ano, mas ainda é inferior a 1%. Para chegar a 5%, Abilio terá de desembolsar cerca de R$ 2 bilhões.
Procurados, BRF, Tarpon e Diniz não quiseram se pronunciar.