A redução da alavancagem (uso de recursos disponíveis para melhorar rentabilidade) da Fibria, uma das maiores produtoras de celulose de eucalipto do mundo, ao longo dos últimos trimestres deixa a companhia mais próxima do grau de investimento, status obtido por Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (que deram origem à Fibria), mas perdido após as perdas com derivativos reportadas pelas duas companhias. A conquista da classificação, porém, ainda não deve ocorrer no curto prazo, prevê a própria fabricante de celulose. “Acreditamos que a alavancagem deva cair abaixo de três vezes para obtermos o grau de investimento. Por isso, achamos que ao final do ano poderemos requerer”, afirmou o diretor de Finanças e Relações com Investidores Guilherme Cavalcanti.
“Vemos possibilidades maiores (de retomar o grau de investimento) entre o final de 2013 e 2014”, complementou o executivo. A alavancagem da Fibria, que chegou a bater sete vezes em 2009, tem apresentado retrações consecutivas desde o segundo trimestre de 2012. No quarto trimestre, a relação entre dívida líquida e Ebitda chegou a 3,4 vezes, queda de 1,1 ponto porcentual em relação ao terceiro trimestre. Em dólares, indicador utilizado para classificação dos termos de compromisso (covenants), o indicador caiu de 4,2 vezes ao final de setembro para 3,3 vezes em dezembro.
A companhia, porém, não pretende emitir novas dívidas. “Utilizaremos nossa geração de caixa para pagar as dívidas mais caras”, destacou Cavalcanti. No quarto trimestre, o Ebitda da Fibria atingiu R$ 870 milhões, número que cai para R$ 753 milhões após ajustes de despesas não recorrentes, sem efeito caixa.
A redução da alavancagem possibilitará à empresa analisar com atenção novas oportunidades de investimentos, incluindo nas áreas de logística e de biomateriais onde já atua com a Portocel e a Ensyn. Os investimentos na área de celulose, porém, continuarão acompanhados de uma “maior disciplina”, pondera o presidente Marcelo Castelli. Questionado sobre a possível retomada do projeto de construção de uma segunda linha de produção de celulose no complexo de Três Lagoas (MS), Castelli manteve a cautela. “Deveríamos estar mais baixo em endividamento, mais próximo de 2,5 vezes, para iniciar movimento de expansão”, ressaltou.
Além da geração de caixa, a Fibria também poderá captar recursos a partir da venda de terras, de energia ao sistema elétrico e da conclusão do acordo junto à CMPC Celulose Riograndense. O acordo entre as empresas foi estimado em R$ 615 milhões e a Fibria recebeu apenas a primeira parcela, no montante de R$ 470 milhões. O restante deverá ingressar no caixa da Fibria ao longo do segundo semestre.