Existem momentos em que sentimos que o nosso ambiente na empresa que trabalhamos começa estreitar até que um dia nos encontramos sufocados, como se paredes ao redor começassem a mover-se em nossa direção, isso até poderia ser o discurso de um claustrofóbico, mas é a sensação que esse tipo de angústia nos causa, pode ser que não seja o ambiente que começou a se estreitar e sim nós que alargamos o horizonte, aprendizados são tantos que damos um salto de qualidade, experiências e vivências somam-se de tal modo que acabamos nos expandindo, fenômeno de empreendedorismo que está em forte processo de crescimento no Brasil tem relação com isso e alguns profissionais se expandiram tanto no universo corporativo que sentem necessidade de galgar outros patamares e responsabilidades, dificuldade na retenção de talentos também encontra eco nesse mesmo fenômeno. Muitos ao perceber que não existem outras posições para escalar na hierarquia ou que a estrutura corporativa deixou de oferecer desafios, enxergam na falta de espaço. Um argumento para mudança de direção, mas nem todos sabem o tempo certo a um novo rumo.
Franz Kafka, autor alemão, explica em um de seus contos essa sensação, narrando o conflito de um camundongo que vê o mundo ao seu redor diminuir a cada dia, corre de um lado pro outro sem saber o que fazer, adiante está uma ratoeira, pensa tanto que fica preso em seus devaneios e não consegue tomar uma decisão. Encontra um gato em seu caminho que o surpreende com a frase “Você só precisa mudar de direção!”, e sem mais delongas engole o pequeno rato, ele deixa claro que quem pensa muito e não age pode acabar abocanhado ao invés de encontrar novas realidades. Isso se chama motivação da expansão para o impulso de mudança que sentimos quando o espaço ao redor começa a encolher e ai vale a pena checar qual é a realidade que melhor se adequar ao seu momento e assim você saberá como deve agir. O que te motiva é a mudança de cenário ou de desafios mais estimulantes, ainda que continue na mesma área de atuação? Mude de ambiente. Chegou a hora de mudar totalmente o rumo de sua vida, tomar o controle de suas ações e buscar aquilo que servirá melhor nesse momento? Busque alternativas em áreas diversas as de costume ou você pode pensar em se empreender. Mesmo com sua expansão você prefere aguentar firme onde se encontra? Não ação também é uma opção, mas cuidado pra não reclamar que o espaço está pequeno demais. As mudanças ao longo de nossas vidas e carreiras são muito bem vindas, ainda mais quando chegam para se adequar a nossos novos “eus”. Não importa se decidimos mudar de área, empresa, negócio, casa, cidade ou até se aventurar em outro país, bom é saber quando nosso eu precisa de novos caminhos e não quer seguir com a angústia do espaço comprimido. Saber reconhecer nossa expansão nos dá asas para voar e garante que não vamos acabar sendo abocanhados.
Se você não sabe, nem imagina, cerca de 90% das empresas brasileiras são familiares, número é gigantesco, em torno de quatro milhões e 100 mil empresas de todos os tamanhos, dados são do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, da Receita Federal.
Historicamente, apenas 15% de todas as empresas familiares conseguem passar o patrimônio para a terceira geração, casos mal conduzidas são a causa número um dessa tragédia, situações nascem quase desprezíveis, mas tornam-se ressentimentos e mágoas, depois: competição acirrada entre herdeiros ou sócios, inveja, ciúme, cobiça e toda sorte de desinteligência. “Sujeiras debaixo do tapete” é a postura que os familiares assumem frente aos problemas da empresa – sejam os que advêm do confronto de gerações, sejam os do dia a dia, na gestão. Depois de um tempo, o volume de sujeira é tão grande que afunda a empresa e todo o patrimônio familiar – algo não diferente do iceberg que em poucos minutos levou o Titanic ao fundo do mar.
Toda empresa familiar tem problemas de relacionamento ou de alguma falta de harmonia, o que surpreendentemente ninguém considera é que harmonia é produto de comportamentos e comportamentos iniciam pelo conhecimento. Qualquer ser humano pode aprender e treinar atitudes que farão a diferença nas horas de conflitos potenciais. Por isso, não basta aos pais proporcionarem curso superior, experiências internacionais ou similares aos filhos, e necessário submetê-los à orientação especializada, que trate especificamente dos problemas mais comuns de hoje, do futuro e os prepare sobre comportamentos esperados para sua prevenção e ou solução. Depois destes ritos educacionais e psicológicos, entram em cena os advogados para a promoção e redação das regras que regerão os acordos e as relações negociais de modo organizado e produtivo. Se você é dirigente de uma empresa familiar e está se perguntando: “como começar?”, dê o primeiro passo e convença-se: nenhum dos cenários que você mais deseja ver no contexto da sua família acontecerá naturalmente, precisa ação. Busque – para si e a todos os demais – uma orientação útil, e positivamente você estará realizando com isso o investimento mais lucrativo do presente e do futuro a você e sua empresa.
Por Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.