Há muito tempo vem se falando que o Brasil será o celeiro do mundo, que alimentaremos milhares de pessoas, que a nossa agricultura e os nossos sistemas serão exemplos para o planeta. Concordo em gênero e grau, pois sou um dos maiores defensores da nossa agricultura. Somos exemplos sim, mas dentro da porteira.
No ano passado muitos pesquisadores diziam que teríamos uma super safra, que precisávamos de planejamento, infraestrutura, logística, estradas, portos etc. O que aconteceu com este alarme? Absolutamente nada! Pasmem amigos, NADA! Por que será? Particularmente acredito que a agricultura para o governo brasileiro não está na agenda. Somos importantes na hora de divulgarmos os números do PIB, mas na hora de fortalecermos os ministérios e entidades coirmãs – que tem a missão de ajudar o agricultor, simplesmente somos desprezados, ou fazem de conta que existem outras prioridades.
Infelizmente isto é o apocalipse da agricultura, produtores investem em tecnologia, em pessoas para produzir mais, para ganhar mais, mas de fato, veem seu lucro ser dilacerado em filas quilométricas nos portos ou em cima de caminhões.
Sinto-me impotente neste momento: lutamos, comunicamos, mas não somos ouvidos, e se ouvidos, nos dizem “fiquem tranquilos, tudo será resolvido”, é o discurso de quem está longe do campo, atrás de belas mesas, com ternos e gravatas bem passadas que, infelizmente, não tem compaixão pelas dificuldades de quem ajuda a manter o país de portas abertas.
Quando conversamos com nossos amigos, em época de declaração de impostos, vemos que trabalhamos praticamente cinco meses para pagar nossos impostos, ou seja, a cada R$ 100 adquiridos, R$ 25 irão para nosso governo. Não sou contra, mas gostaria de vê-los bem aplicados para melhorar a situação das pessoas e, principalmente, da família rural.
Em algum momento já pensei em criar um partido e tive apoio, pois, neste país, tudo é política, infelizmente aquela que não funciona. Tenho receio que fazendo isso estaria indo para um buraco sem fim. Mas quem sabe para lutar por nossas necessidades, o partido sugerido como denominação PPD (Produzir, Preservar para quem tem o Dom) não possa ser uma opção. Espero sinceramente que, com tudo isto que estamos vivendo, os líderes do Brasil se sensibilizem e entendam que precisamos investir para não perder. Não quero imaginar um novo apocalipse em 2014.
Por isso, nas sábias palavras do Mahatma Gandhi “nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer”. Usemos nossos erros com sabedoria para conquistar nosso espaço: sermos vistos como a maior agricultura do planeta.
Por José Annes Marinho, Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação Nacional de Defesa Vegetal – Andef