A caminho da BR-392*
Palmeira das Missões, uma pacata cidade com cerca de 35 mil habitantes, no Noroeste do Rio Grande do Sul, está encravada numa das regiões mais ao Norte do Estado que são conhecidas como “Celeiros do Rio Grande” pela alta produtividade de soja e trigo.
É de lá que estamos partindo numa manhã fria e nevoenta, que prenuncia o início do inverno, para aferir o estado da BR 392, a rodovia que é responsável pelo escoamento de quase 70% da produção agrícola do Estado, num trajeto de quase 590 quilômetros até o Porto do Rio Grande, um dos mais movimentados do país e que vem passando por grandes transformações e investimentos desde que se iniciou a produção na sua área das gigantescas plataformas de exploração petrolífera da Petrobras que serão utilizadas na retirada de óleo do pré-sal.
A BR-392 traz também alguma produção de soja do Oeste de Santa Catarina e a previsão do Porto é de fazer um escoamento em 2013 de 9 milhões de toneladas do complexo soja, entre farelo, óleo e grãos, num ano que promete ser movimentado porque o Estado teve uma safra “cheia” depois de quebras devido à seca e à geadas que prejudicaram sua produção de soja, milho e trigo em 2012. “É um ano para começar a recuperação da economia agrícola e iniciar o pagamento das dívidas de financiamentos das safras passadas que na região estão bastante atrasadas na maioria dos casos”, conta o produtor Valmor Alberton, 58 anos, que planta 1 mil hectares com soja e trigo na região de Palmeira das Missões e este ano colheu uma média de 50 sacas por hectare.
No ano passado ele perdeu 60% da soja que plantou devido à seca e toda a produção de milho safrinha devido a uma geada precoce. Ele entrega toda a sua produção para algumas das grandes tradings que operam na região e, neste ano, comenta que o fato mais notável foi a “duplicação do preço do frete até o porto que passou de R$ 40,00 por tonelada em 2012 para R$ 80,00 por tonelada em 2013”, mas que ele não considera excessivo.
* Por Norberto Staviski, de Palmeira das Missões