O presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, disse ontem que não se deve esperar nada de “espetacular”, nem “pirotecnias” na divulgação do trabalho de reorganização da companhia, prevista para a segunda quinzena de agosto.
A declaração, aparentemente uma tentativa de tranquilizar o mercado, foi dada durante teleconferência com analistas para comentar os resultados da companhia. A BRF encerrou o segundo trimestre do ano com um lucro líquido de R$ 208,4 milhões, graças ao desempenho das exportações – no mesmo período de 2012, havia lucrado R$ 6,4 milhões. As exportações também contribuíram para o avanço de 10% da receita líquida no período, para R$ 7,25 bilhões.
Abilio afirmou que o trabalho de reorganização da BRF está “praticamente todo desenhado”, com toda tranquilidade”. A chegada do empresário ao conselho de administração da BRF, em abril deste ano, trouxe expectativas de mudanças na companhia, principalmente depois que consultorias foram contratadas para elaborar um plano para tornar a empresa mais eficiente.
Além das consultorias, foi criado um steering committee, formado pelo próprio Abilio, por Sérgio Rosa (representante da Previ), Pedro Faria (representante da acionista Tarpon) e Walter Fontana, segundo Abilio. Esse comitê consultivo tem trabalhado no plano de reorganização da BRF. Segundo o presidente do conselho, as consultorias Galleazzi, BCG e McKinsey foram contratadas para ajudar num novo planejamento estratégico para a BRF, que deve ser divulgado na segunda quinzena de outubro.
Brincando, Abilio disse ser “um veterano de 110 dias”, referindo-se ao período em que ocupa a presidência do conselho de administração da BRF. Mais uma vez não economizou referências positivas ao trabalho feito na companhia antes de sua chegada, mas alfinetou. “Tenho procurado ser um chairman mais presente (…) e pretendo contribuir para as melhorias da companhia”.
A esperada reorganização da BRF tem atraído a atenção do mercado. Durante a teleconferência, um analista perguntou ao presidente da BRF, José Antonio do Prado Fay, mais detalhes sobre o plano de reorganização. Mas Fay disse que não poderia fazê-lo, pois o “trabalho está em andamento”.
Depois de um cenário difícil no segundo trimestre, a expectativa na BRF é de que os próximos meses sejam mais favoráveis. Um dos motivos são os custos, que estão em queda. “Há uma redução gradual dos custos por causa do milho, principalmente”, disse Fay. Ele destacou ainda o impacto positivo do câmbio nas exportações.
Segundo Fay, a redução no investimento este ano – a previsão inicial de R$ 2 bilhões não deve se concretizar – não afeta o crescimento da BRF. Ele informou ainda que a construção da unidade da BRF em Abu Dhabi começou finalmente mês passado.