O secretário de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Mainardi, defendeu no sábado (24/8) a adoção de iniciativas para reter produtos agrícolas e priorizar o abastecimento interno. Para ele, o setor atua de forma “pouco inteligente”, apenas reagindo a aspectos momentâneos.
Entre as medidas, estariam reforço no sistema de armazéns públicos e privados e maior oferta de crédito para o produtor e para as indústrias. Desta forma, quem vende poderia controlar melhor sua atuação no mercado e quem compra poderia competir melhor com a concorrência externa.
Mainardi negou, no entanto, que defenda proibição de exportações. “Somos uma economia de livre mercado. Não se trata de fazer igual a Argentina, que proibiu exportações.”
Ele reconheceu também que é difícil estabelecer políticas de retenção em momentos como o atual, em que a valorização do dólar se mostra favorável às vendas externas. “O mercado reage de acordo com a situação de momento, tanto da economia nacional quanto da economia internacional”.
Como exemplo de consequência dessas reações, o secretário mencionou o mercado gaúcho de milho, que teve o abastecimento prejudicado na atual safra. De acordo com a Conab, a produção total 2012/2013 no Rio Grande do Sul é de 5,38 milhões de toneladas, 61,1% a mais que no período anterior.
O consumo no estado, explicou, está em 5,8 milhões de toneladas. Além da produção menor do que a demanda, parte é vendida para Santa Catarina. “Não tem como evitar que Santa Catarina compre. O problema é que, como a gente produz cedo, acaba exportando muito e ficamos sem milho. Temos que trazer de outro lugar”.
O secretário acredita que o Rio Grande do Sul deve precisar de mais de 2 milhões de toneladas do cereal do Centro-oeste. “Para a economia do estado é muito ruim. Quando se exporta milho, é sem ICMS. E quando vai recuperar os estoques para a produção de ração, tem que trazer do Centro-oeste e chega com ICMS”.
Trigo – O Secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul informou que uma política de retenção no estado vem sendo estudada para o trigo. Uma das medidas será disponibilizar parte da estrutura da Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) para a retenção do cereal. A Cesa detém 2% dos armazéns do estado, de acordo com Luiz Fernando Mainardi.
“Precisamos também criar mecanismos para que o produtor possa optar em ficar com o produto e vender em outro momento”, disse, sem especificar quais seriam.
A produção gaúcha do cereal deve crescer 29,6% nos cálculos da Conab, chegando a 2,45 milhões de toneladas. Luiz Mainardi explicou que o estado demanda internamente 1,1 milhão, mas a indústria local compra apenas 300 mil.
“Precisamos reter o máximo de trigo aqui, fazer com que as nossas indústrias de farinha tenham recursos e disputem com importadores. Se o preço está R$ 28, eles vão pagar R$ 28,10 para o trigo ficar. É a situação ideal. Vamos chegar lá? Não sei. Queremos que, no trigo, fique aqui uma parte maior do que a que sempre ficou”.
O secretário fez as declarações ao participar, durante a Expointer, em Esteio (RS) do anúncio dos vencedores do Prêmio Melhores da Terra, promovido pela Gerdau.