O cenário é positivo para avicultura em meio à safra recorde de milho no Brasil e à perspectiva de volumes maiores nos Estados Unidos, que vão se traduzir em custos de matérias-primas menores, disseram ontem (28) representantes dos maiores grupos produtores de carne de aves.
“O clima está mais seco nestas últimas semanas, mas felizmente o milho (nos EUA) já está na sua fase final (de desenvolvimento), então o risco de afetar rendimento é baixo na nossa avaliação”, disse a jornalistas o presidente da JBS, Wesley Batista, durante evento que reúne o setor avícola em São Paulo.
O presidente da JBS – empresa que entrou no segmento de aves no Brasil no ano passado ao arrendar ativos da Doux Frangosul e que mais recentemente anunciou a aquisição da Seara, divisão de aves, suínos e processados da Marfrig – não vê risco expressivo para as lavouras de milho nos EUA, maior produtor e exportador global do cereal, em função de uma onda de calor nas áreas produtoras.
A JBS, maior processadora de carnes do mundo, com atuação em bovinos e suínos, também opera no segmento de aves nos EUA desde 2009, quando comprou o controle da Pilgrim’s Pride, que também conta com unidades produtivas no México e Porto Rico.
O milho e a soja respondem pela maior parte dos custos de produção de aves.
Batista disse, porém, que o cenário de oferta preocupa mais para a soja norte-americana, que foi plantada tardiamente, ficando mais vulnerável ao clima.
O executivo da família controladora da JBS observou que, apesar da alta vista no início da semana, os vencimentos mais distantes do milho na bolsa de Chicago apontam para menores custos.
“Isso ainda é razoável, ele (o milho) já esteve a 7, 8 dólares por bushel”, lembrou, referindo-se aos recordes vistos no ano passado, quando a safra norte-americana foi afetada pela pior seca em mais de meio século.
Atualmente, o primeiro vencimento do milho em Chicago é cotado a cerca de 5 dólares por bushel.
Para o vice-presidente de Finanças, Administração e Relações com Investidores da BRF, Leopoldo Saboya, ainda é prematuro fazer uma avaliação da safra dos EUA e sobre a condição de preço nos EUA em função de clima, mas ainda assim ele acredita que o ano será de oferta maior de grãos.