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Líderes de mercado revelam oportunidades para produção de ovos sustentável

Durante evento em Bastos, a fabricante da maionese Hellmann's e o maior grupo varejista do país falaram sobre a crescente demanda por ovos produzidos em sistemas sem gaiolas.

As vendas de ovos caipira e orgânicos crescem em ritmo duas vezes maior do que as vendas de ovos convencionais no Grupo Pão de Açúcar, maior varejista do país. E a multinacional Unilever anunciou que todos os ovos usados na maionese Hellmann’s, a mais popular do Brasil, serão 100% produzidos em sistemas sem gaiolas até 2020. Tais tendências, que beneficiam sistemas de produção de ovos alternativos, foram o foco do workshop “Oportunidades de mercado para ovos caipira e orgânicos”, realizado em Bastos na última sexta-feira, 06 de setembro.

“O fator que impulsiona as vendas de ovos caipira e orgânicos é a busca dos consumidores por uma alimentação saudável”, afirmou Danielle Pedro de Freitas, compradora de ovos do Grupo Pão de Açúcar, durante o evento que foi promovido pelo Instituto Técnico de Educação e Controle Animal – ITEC. Danielle disse que comparadas ao primeiro semestre do ano passado, as vendas no primeiro semestre de 2013 de ovos caipira cresceram 22% em volume e 45% em valor, enquanto as vendas de orgânicos cresceram 48% em volume e 46% em valor. Os números são mais do que o dobro do crescimento de vendas de ovos comuns, que diminuíram 8% em volume e aumentaram 20% em valor no mesmo período. Segundo o Pão de Açúcar, outro fator que explica a expansão do mercado caipira e orgânico é a preocupação dos consumidores acerca do bem-estar animal.

Ernani Wood, líder global para compras de ovos e carnes da Unilever, também reportou uma tendência similar. Ao falar sobre o plano global de fornecimento sustentável da multinacional, ele afirmou: “O nosso foco de sustentabilidade no mercado de ovos foi o bem-estar animal. E por isso nós decidimos usar ovos 100% produzidos sem gaiolas em todos os nossos produtos até 2020, como é o caso da maionese Hellmann’s no Brasil”. Wood ressaltou que esse processo de transição já foi completado na Europa Ocidental, e está em andamento no Canadá e nos EUA. O planejamento para fazer tal adaptação no Brasil está em desenvolvimento, o que cria uma nova oportunidade de mercado e também um desafio para a cadeia de suprimentos de ovos. “A escala da produção e a demanda por ovos ‘cage-free’ (sem gaiolas) no Brasil ainda não é suficiente. Então o que temos que fazer é trabalhar para que ela cresça. Nós temos que convencer os consumidores a comprarem ovos que fazem bem ao meio-ambiente e às galinhas”, completou.

Além de optar por uma política de compra 100% sem gaiolas, a Unilever também quer garantir que todo o seu fornecimento de ovos seja certificado por uma auditora independente de bem-estar animal. No caso do Brasil, a multinacional trabalha com a certificação ‘Humane Certified’, realizada pela empresa Ecocert.

“A Unilever provou que é um líder internacional em bem-estar animal ao adotar essa política global de fornecimento livre de gaiolas”, disse Carolina Galvani Bruun, gerente de campanhas de animais de produção no Brasil da Humane Society International (HSI), uma das maiores ONGs de proteção animal do mundo. A HSI encoraja e trabalha com grandes empresas na adoção de melhores padrões de bem-estar animal em suas cadeias de fornecimento de carnes e ovos. “Diversas outras empresas, como Burger King, Subway, WalMart e Starbucks, já adotaram políticas similares de ovos livres de gaiolas em suas cadeias de fornecimento nos EUA. Nós planejamos trabalhar com essas grandes multinacionais para que elas estendam suas políticas de bem-estar animal ao Brasil”, completou.

Sadala Tfaile, gerente nacional de vendas de postura comercial da Big Dutchman, uma das maiores fornecedoras de equipamento para produção de ovos no mundo, também foi um dos palestrantes do evento. Ele explicou que ao contrário do que muitos imaginam, as experiências americana e europeia provam que os sistemas ‘cage-free’ – sem gaiolas em galpões fechados – podem ser atrativos para grandes produtores, pois podem ter grande escala e custos similares aos da produção em gaiolas, além de maximizar o uso de espaço por meio de pisos múltiplos e serem totalmente automatizados.

O evento também contou com a presença de importantes especialistas do setor como Murilo Quintilliano, diretor-executivo da Food Animal Initiative (FAI), empresa multinacional que trabalha com o desenvolvimento de estratégias para a produção animal com bem-estar animal em grande escala, e Miwa Yamamoto Miragliotta, diretora técnico-cientifica da AVAL (Associação Brasileira de Avicultura Alternativa). Diversos produtores sul-americanos pioneiros na produção de ovos sem gaiolas – como Korin, Fazenda da Toca, Sabor & Cor, Ovos Andinos e Ecoterra – também participaram falando de suas experiências práticas.