Japão e China têm planejado mudanças nas suas políticas econômicas que podem ajudar o Brasil. Segundo especialistas consultados pelo DCI, o investimento privado e uma política monetária agressiva e fiscal mais flexível, no caso do Japão, e o planejamento de um êxodo rural na China, além de foco no consumo interno podem ajudar esses países a melhorar nossa relação comercial.
Segundo o presidente da Japan External Trade Organization (Jetro), Yasuhiro Ishida, o Produto Interno Bruto (PIB) japonês tem mostrado taxa positiva de crescimento desde o ano passado, e uma das razões pode ser explicada pela chamada Abenomics, conjunto de políticas econômicas do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe. “A recuperação da economia japonesa tenderia a aumentar os investimentos de empresas japonesas no exterior, e consequentemente, ajudaria a aproximar sua relação com o Brasil”, completou o presidente em entrevista via e-mail.
O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China (CCIBC), Charles Tang, também se disse otimista sobre o futuro da relação entre o gigante asiático e o País. Segundo ele, “a economia chinesa teve uma desaceleração mas essa desaceleração foi causada pelo governo chinês que apertou o crédito para combater a inflação e os empréstimos paralelos, a China pretende crescer muito mais” disse.
Tang também cita o fato de uma mudança da população do campo para cidade, atualmente apenas 690 milhões de pessoas estão nos centros urbanos e isso deve totalizar 1,1 bilhão em 2030. “Essa mudança do campo para a cidade vai fazer com que a economia cresça, porque quando o povo vai para a cidade, novas residências vão ter que ser construídas, e a renda dessa população vai aumentar”, colocou. “O governo está se empenhando para que a economia dependa do consumo interno, para isso estão fazendo a ZPE [Zona de Processamento de Exportações] em Xangai. Estou bastante tranquilo que a economia chinesa vai continuar crescendo em taxas invejáveis “.
O representante da Rio Branco destaca que se atualmente a desaceleração do crescimento da economia chinesa possa ser prejudicial no médio prazo ele entende que isso pode ser positivo para o Brasil.
“De qualquer forma a demanda pelo produto brasileiro deve aumentar, conseguindo dar mais solidez ao mercado doméstico, o mercado vai demandar essa exportação e isso vai ter uma perspectiva positiva para a economia brasileira”, disse.
Já o presidente da Jetro vê a queda no crescimento chinês como prejudicial tanto para o Japão como para o Brasil. “Tomando como exemplo a China, país-alvo de boa parte das exportações brasileiras, com o crescimento mais modesto ocorreria uma consequente desaceleração no crescimento das exportações de commodities”, colocou.
“Para o Japão as consequências também não devem ser favoráveis, pois há cerca de 20 mil empresas japonesas instaladas somente na China, portanto se conclui que o desaquecimento da economia chinesa pode levar à queda de atividade da economia japonesa”, completou.