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Soja deve garantir novo recorde na produção de grãos

Brasil deve colher um volume total de 191,9 milhões a 195,5 milhões de toneladas de grãos e fibras até o fim do ciclo, em junho de 2014.

Soja deve garantir novo recorde na produção de grãos

A soja deve responder praticamente sozinha pelo aumento esperado da produção brasileira de grãos na safra 2013/14. Ao menos, é o que indica o cenário desenhado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com a estatal, o Brasil deve colher um volume total de 191,9 milhões a 195,5 milhões de toneladas de grãos e fibras até o fim do ciclo, em junho de 2014.

Trata-se de um aumento relativo de 2,6% a 4,5% em relação à safra passada, estimada em 187,09 milhões de toneladas. Em termos absolutos, portanto, a Conab trabalha com um aumento de 4,81 milhões a 8,4 milhões de toneladas.

Só a produção de soja deve somar entre 87,6 milhões e 89,72 milhões de toneladas, novo recorde, uma expansão de 7,5% a 10,1% em relação à colheita passada, estimada em 81,45 milhões de toneladas. Ou seja, um incremento de 6,14 milhões a 8,26 milhões de toneladas.

Mato Grosso novamente puxa o crescimento da oleaginosa no país. De acordo com a Conab, a produção de soja no Estado deve crescer entre 7,5% e 9,5%, para algo entre 25,28 milhões e 25,77 milhões de toneladas. Entretanto, todas as regiões do país devem apresentar expansão das lavouras de soja.

No cenário mais otimista da Conab, a área cultivada com grãos cresce em 3,5% ou 1,84 milhão de hectares, sendo que a área de soja avança 5,9% ou 1,63 milhão de hectares. No mais pessimista, a área total cresce 1,6% ou 836,4 mil hectares, enquanto a de soja se expande em 3,4% ou 942,1 mil hectares – avançando sobre outras culturas.

Isso significa que, no limite inferior das projeções da Conab, a produção brasileira de grãos, exclusive a soja, pode encolher em 1,25% ou 1,3 milhão de toneladas na temporada 2013/14.

Esse cenário reflete, em grande parte, o desestímulo à produção de milho após a forte queda dos preços ao longo do último ano. Aos olhos do governo, os agricultores devem produzir entre 78,43 milhões e 79,62 milhões de toneladas do cereal, o que significaria uma baixa de 2,1% a 3,6% – ou 1,71 milhão a 2,91 milhões de toneladas – ante o recorde de 81,34 milhões de toneladas colhidos em 2012/13.

Parte da área que no ano passado foi ocupada com milho no plantio de verão vai migrar para a soja neste ano. Maior produtor do país, o Paraná deve reduzir em 15% a 19% a área destinada ao grão neste verão. No Rio Grande do Sul, a queda deve ficar entre 10% e 12%. Em todo país, a redução deve ficar entre 2,1% e 3,4%.

A redução da área plantada com milho na região Sul – onde se concentra a maior parte da indústria brasileira de aves e suínos – preocupa o governo, afirmou o diretor de Política Agrícola Conab, Sílvio Porto. “Isso não é uma boa notícia, já que a região consome muito grão para produção de ração”, disse Porto.

Para a Conab, a tendência é que o produtor dessas regiões adote estratégia semelhante à das últimas safras: plantar já a maior área possível com soja e apostar as fichas restantes no cultivo de milho a partir de fevereiro – a chamada “safrinha”.

Como ainda faltam mais de quatro meses até o início do plantio da safrinha, os técnicos da Conab se limitaram a repetir as estimativas de área e produção do ciclo 2012/13 – 8,99 milhões de hectares e 46,18 milhões de toneladas, respectivamente. Nesse cenário, a segunda colheita de milho representaria aproximadamente 58% da produção total de milho.

Em contrapartida, a Conab prevê um incremento de 22,3% a 28,3% na produção de algodão em pluma do país, como resultado direto das altas cotações da commodity no mercado internacional e do câmbio mais favorável às exportações. Com isso, a produção brasileira da fibra atingiria entre 1,59 milhão e 1,67 milhão de toneladas, ante as 1,3 milhão de toneladas em 2012/13.

No lado das exportações, a Conab prevê um aumento de 9,3% nos embarques de soja, para 45,9 milhões de toneladas – novo recorde. A estatal também prevê um aumento de 7,5% nas vendas externas de algodão, para 570 mil toneladas. Já os embarques de milho devem cair 11%, para 18 milhões de toneladas, o menor patamar em três temporadas.

Se o cenário esperado pela Conab se confirmar, o Brasil deve encerrar a safra 2013/14 com estoques de milho e soja consideravelmente mais altos do que os remanescentes da temporada passada, encerrada em junho.

De acordo com o relatório, os estoques de milho podem alcançar 22,1 milhões de toneladas ao fim do novo ciclo, o que significa um aumento de 51,5% ou 7,5 milhões de toneladas em relação à safra passada. O volume é ainda cinco vezes maior do que o registrado ao fim da safra 2011/12 (5,5 milhões de toneladas), por exemplo.

Já os estoques de passagem de soja tendem a mais do que triplicar, de 1 milhão para 3,3 milhões de toneladas, na comparação entre 2012/13 e 2013/14. Trata-se do maior patamar em pelo menos cinco safras.