As agroindústrias avícolas estão com dificuldades de manter estoques adequados de farelo de soja, insumo que responde por 30% da ração animal. O alerta foi divulgado nesta quarta-feira (9/10) pelo presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra.
Com base em números divulgados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Turra destacou que o atual ritmo das exportações de soja está reduzindo o volume processado no mercado interno.
“Empresas do setor avícola brasileiro – que dependem do farelo da oleaginosa para a produção de frangos, ovos e outros produtos – estão enfrentando dificuldades na competição com o mercado externo pela compra do produto”, disse Turra, em nota divulgada pela Ubabef.
“Não somos contra as exportações de soja. Entretanto, por uma questão de segurança alimentar do país, é fundamental que as políticas governamentais priorizem o abastecimento interno do insumo. Vale muito mais para o país exportar grãos em forma de produto com valor agregado, como a proteína animal”, destaca Turra.
O executivo lembrou ainda que, no ano passado, a estiagem no Sul do país e os elevados níveis de exportação nos primeiros meses fizeram com que o preço do farelo de soja mais que dobrasse. “O cenário ficou ainda mais crítico com a quebra na expectativa de safra de milho dos EUA, que afetou as cotações do cereal em todo o mundo. No Brasil, os preços subiram 50%.”
Na nota, a Ubabef destaca que “em meio a este cenário alarmante, algumas empresas do setor fecharam plantas, outras pediram recuperação judicial”.
“Mais de 10 mil empregos foram perdidos. Cidades inteiras foram afetadas e sofremos duramente com a perda de competitividade internacional. O setor ainda se recupera da tempestade do passado, e precisa de total atenção governamental para que o mesmo cenário não se repita”, destaca Turra.