Os investimentos sem precedentes em energia renovável na Alemanha mudaram a forma de fazer política, de planejar a economia e de proteger o meio ambiente. O termo ‘energiewende’ (virada energética, em tradução livre) – criado na década de 80 na esteira da crise do petróleo, do movimento antinuclear e do acidente de Chernobyl – ganhou força após o acidente nuclear em Fukushima, no Japão, em 2011.
Como a maioria dos alemães se manifestou contra a manutenção das usinas nucleares, o governo da chanceler Angela Merkel tirou da gaveta um antigo projeto que determinava o desligamento gradual de todas as 17 usinas atômicas da Alemanha, que eram responsáveis por 23% da energia do país. Até 2022, todas deverão ser desligadas.
Em apenas dois anos, as fontes limpas e renováveis cresceram 23% na Alemanha, com destaque para a queima de biomassa, como madeira ou lixo, que hoje responde por 7% de toda a energia produzida no país. O vento representa 7,7% e o sol, 4,7%. “Temos metas que vão até 2020, que provavelmente serão instalações de usinas de energias renováveis que ultrapassem as metas políticas do governo”, destaca Harry Lehmann, da Agência Federal de Meio Ambiente.
Em Templin, que fica a cerca de 60 quilômetros da capital Berlim, uma antiga base aérea usada pelos soviéticos na época da Guerra Fria se transformou em uma gigantesca usina solar, com 1,5 milhão de placas fotovoltaicas de última geração, que são mais finas, leves e baratas. É a maior usina do gênero em toda a Europa. A energia do sol já abastece oito milhões de residências no país e, em junho deste ano, a produção foi 42% maior do que no mesmo período do ano passado.