Em debate sobre cenário dos mercados interno e externo da suinocultura, produtores demonstraram preocupação com a variação do preço da carne suína. O estado de alerta acontece em um momento de bom preço do animal vivo, totalmente contrário ao que se apresentou para o produtor em 2012. As conversas aconteceram na tarde desta terça-feira (06.11), durante o 1º Fórum de Discussões da Suinocultura do Centro-Oeste.
Durante o painel “Ações de Desenvolvimento do Mercado Interno e Externo: Cenário para Suinocultura para os Próximos Anos”, o diretor executivo da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Fabiano Coser, expôs indicadores que demonstram a variação dos preços da carne suína nos últimos anos e também as taxas de venda para o mercado interno e externo. Segundo a ABCS, o mercado internacional consome 16% dos suínos abatidos no Brasil, enquanto que o restante é consumindo internamente.
A variação nos preços, contudo, assusta os produtores. Em 2012, ano de crise para o setor, a carcaça (suíno abatido) chegou a custar R$ 2,20, com o custo ao produtor muito acima disso devido aos altos preços de insumos como o farelo de soja e o milho. Atualmente, a cotação é de cerca de R$ 5,90 por quilo, estando em um patamar alto.
O diretor executivo da ABCS ainda destacou que a taxa de exportação não deve subir pelos próximos três anos, e por esta razão os produtores e a associação devem se esforçar para divulgar a carne suína e aumentar sua demanda no mercado brasileiro. A campanha “Semana Nacional da Carne Suína”, realizada pela ABCS em outubro veio exatamente com esta intenção de despertar os produtores para esta divulgação, e conseguiu aumentar o consumo na maior rede varejista do país em 69%.
Para a Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat) além de olhar o mercado, é preciso se prevenir com relação a fatores que podem atrapalhar a produção futuramente. “Não adianta falarmos de mercado, esquecendo as questões sanitárias e ambientais. Precisamos fazer os poderes políticos prestarem mais atenção a isto, os Estados não tem feito sua parte, há certa negligência. Se não tomarmos cuidado, qualquer doença pode vir e jogar todos nossos esforços por terra”, disse o diretor executivo da Acrismat, Custódio Rodrigues.
Infraestrutura também é gargalo
Em palestra em um dos painéis da tarde, o secretário executivo da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Carlos Alberto Nunes Batista, também destacou as dificuldades de escoamento da produção brasileira. Hoje 70% do volume de cargas são transportados via rodovias, o que gera problemas e alto custo. Segundo Batista, a meta é que se chegue a 50% de transporte rodoviário, e 50% divididos entre ferrovias e hidrovias. “Precisamos buscar uma equalização da matriz de transportes do país”, avaliou.