A BRF já decidiu quem será o novo CEO Internacional. O cargo será ocupado por Pedro Andrade de Faria, sócio da gestora de recursos Tarpon. O Valor apurou que a decisão já foi tomada internamente e que falta apenas ser referendada pelo conselho de administração, em reunião prevista para o fim deste mês.
Por conta da posição na BRF, Faria vai se desligar da sociedade na Tarpon. A gestora possui duas vagas no conselho da empresa de alimentos. O assento ocupado pelo executivo será substituído por nome ainda a ser definido. Além dele, José Carlos Reis de Magalhães Neto, também sócio fundador, é membro do colegiado.
A Tarpon, detentora de 8% da BRF, foi a protagonista do movimento de acionistas que levou o empresário Abilio Diniz à presidência do conselho de administração da BRF, em abril deste ano. A iniciativa teve apoio da Previ, Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – maior acionista, ao lado da Petros, cada fundação com pouco mais de 12% do capital.
O nome de Faria há tempos é cogitado por Abilio para assumir uma posição executiva na empresa, desde que foi eleito em abril. O Valor apurou que seu nome chegou a ser considerado, inclusive, para CEO Global, cargo ocupado por Claudio Galeazzi desde o início de agosto.
O envolvimento do sócio da Tarpon com a BRF desde a mudança na gestão é significativo. Antes, já dava atenção à companhia, por ser a principal aposta da gestora. Entretanto, a atuação direta foi ampliada após a chegada do ex-controlador do Grupo Pão de Açúcar (GPA) ao conselho.
O nome de Faria, que é administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com MBA pela Universidade de Chicago, já passou pelo crivo dos comitês de governança e recursos humanos da BRF, conforme pessoas próximas à empresa.
A história da Tarpon com o negócio é antiga. No passado, antes da combinação com a Perdigão, a gestora tinha investimento relevante na Sadia.
A atuação executiva, a despeito de tirar Faria da sociedade, é positiva para a Tarpon. A gestora tem como estratégia manter-se próxima à administração, sempre que possível.
Dada a concentração do fundo em BRF (mais de 45% do patrimônio total, de R$ 8 bilhões), a novidade ajuda a mostrar aos seus investidores que faz mais sentido aplicar no negócio por meio da gestora do que diretamente nas ações da empresa.
A concentração da carteira é uma opção da Tarpon desde sua criação, justamente para permitir um maior envolvimento e dedicação aos negócios selecionados.
O modelo da Tarpon é frequentemente comparado ao da antiga GP Investimentos, do trio criador da AmBev – Marcel Telles, Beto Sicupira e Jorge Paulo Lemann (hoje unidos na 3G Capital). Não por acaso, o projeto da Tarpon na BRF também é comumente contraposto, por investidores externos à gestão, ao da fabricante de bebidas.
A área internacional é um dos pilares das mudanças que a nova gestão está fazendo – e planeja fazer – na companhia. Um dos fatores que levaram à modificação na administração foi o desejo dos acionistas de ampliar a presença da BRF no mercado externo. O objetivo é expandir a oferta de produtos com maior valor agregado e ter unidades de processamento fora do país. Consultada, a BRF afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comenta rumores de mercado. A Tarpon também não comentou.