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Bioenergia

Indefinição política põe em risco projeto alemão de energias renováveis

tendência não é boa - a previsão para 2013 é de um crescimento de mais 2%.

Indefinição política põe em risco projeto alemão de energias renováveis

O Energiewende, o projeto mais de vanguarda em energia renovável do mundo, vive um impasse. A estratégia alemã de incentivar energia solar e eólica em sua matriz corre riscos pela política de preços, a pressão da indústria do carvão e o processo de construção do novo governo. A indefinição rebate nas posições alemãs de mais ambição nas metas nacionais de redução de gases-estufa e dar impulso ao bloco europeu.

As energias renováveis respondem por 26% da energia elétrica da Alemanha. No sistema alemão, elas têm preferência para entrar na rede e preço de longo prazo garantido. O sucesso da política conquistou habitantes das cidades e do campo, diz Martin Kaiser, chefe da delegação do Greenpeace na COP-19, a conferência do clima da ONU que acontece na Polônia. “Mas agora o governo alemão terá que decidir entre continuar a incentivar a energia renovável no país ou voltar atrás para as energias sujas do passado”, diz.

A fatia das renováveis cresce a cada ano na matriz. Como são mais caras que o carvão ou o gás, têm provocado um aumento nas tarifas de energia. “Vivem a consequência de seu sucesso inesperado”, diz Thomas Fatheuer, consultor da Fundação Heinrich Böll, ligada ao movimento verde alemão.

No modelo energético alemão, a prioridade das renováveis para entrar na rede é seguida pela energia mais barata. Neste quesito, o carvão é imbatível. O combustível fóssil que mais emite gases-estufa é a base de 50% da geração de energia elétrica na Alemanha. O restante é energia nuclear e gás.

“A encruzilhada da Energiewende neste momento não é técnica, é política”, diz Stefan Schurig, diretor de energia e clima do World Future Council, ONG alemã que estuda as energias renováveis. Depois das eleições de setembro, o governo conservador da chanceler Angela Merkel, da CDU, busca fazer uma coalizão com os sociais democratas do SPD. O futuro das renováveis na Alemanha depende da distribuição de cargos e de quem assumirá a tarefa de administrar o Energiewende, hoje a cargo do Ministério do Meio Ambiente, acreditam ambientalistas.

Eles temem, por exemplo, a influência que Hannelore Kraft, líder do SPD no estado da Renânia do Norte-Vestfália, possa ter na composição ministerial. O estado tem forte tradição de carvão e da indústria do aço.

A discussão energética é eixo estratégico para o novo governo. “Uma das possibilidades é a criação de um ministério da Energia”, conta Kaiser. O chefe do SPD, Sigmar Gabriel, foi ministro do meio ambiente alemão (assim como Angela Merkel), tem atenção especial pelo programa de renováveis e é um dos nomes ventilados para ocupar a pasta. Mas pode ser o nome que irá fortalecer o ministério da Economia ou tornar-se o ministro das Relações Exteriores.

A dinâmica do sistema de renováveis fez com que em 2012 a Alemanha aumentasse as suas emissões de gases-estufa. Segundo os dados do governo alemão, as emissões em 2012 chegaram a 452 milhões de toneladas de CO2 em relação às 450 milhões de toneladas registradas em 2011. A tendência não é boa – a previsão para 2013 é de um crescimento de mais 2%.

As indefinições têm rebatido na postura alemã nas negociações internacionais de mudança do clima. O bloco europeu está negociando seu pacote de clima e energia para 2030. A Polônia defende a posição que a União Europeia não deveria ter metas antes do acordo de 2020 e nem se antecipar aos outros países. O Reino Unido defende 50% de redução (40% de corte de emissões e 10% em créditos de carbono). A França também quer 40% e a Alemanha demorou a defender 40% também. O bloco debate a meta internamente e deve chegar a uma conclusão em março.