O bom preço pago pela soja e pelo milho, nas últimas safras, tem deixado os agricultores capitalizados. Com isso, fica mais fácil usar recursos próprios na hora de negociar insumos e equipamentos.
A camionete é a mais nova aquisição de Deonízio Tirone. Na concessionária, o agricultor fez questão de negociar o veículo sem financiamento.
Assim que saiu da loja, o produtor levou o carro direto para fazenda, onde será usado na lida diária. As plantadeiras também foram compradas na safra passada, seguindo o mesmo conceito de negociação.
Na propriedade, o agricultor planta 1,5 mil hectares de soja. Este ano, ele conseguiu reduzir o custo de produção em 20%, mas isso só foi possível porque todas as sementes e insumos foram comprados com recursos próprios.
Com a estratégia, as sementes da próxima safrinha de milho já estão garantidas, e por um preço bem menor.
Uma pesquisa feita pela Companhia Nacional de Abastecimento mostra que em Mato Grosso do Sul, os produtores estão usando cada vez mais recursos próprios para custear as lavouras. No caso da safra de soja, o emprego dos recursos aumentou 68% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Agora, na safra de verão, o uso de capital próprio para custeio deve representar 23% das lavouras do estado. Na safra anterior, o volume não passou de 14%.
Consequentemente, os financiamentos bancários caíram: de 46% no ano passado, para 39% no ciclo 2013/2014.
João Pedro Cuthi Dias é analista de mercado e explica que nas últimas três safras, a soja e o milho foram os grandes responsáveis pela boa capitalização dos agricultores. Segundo ele, o investimento na propriedade pode ser o melhor negócio no momento. “Um dos exemplos é a questão do armazenamento. Isso é um investimento que retorna e baixa os custos depois”, diz.