O bem-estar é uma questão que afeta diretamente a produção de aves. Hoje, o consumidor pressiona os setores produtivos por entender que os animais com fins comerciais devam ter um tratamento ético durante toda a sua vida produtiva, inclusive no momento de abate. No entanto, os parâmetros os quais possam delimitar o que é bem-estar ainda são discutidos e alvos de intensas pesquisas em todo o mundo. “É necessário a criação e atualização de normas indicadoras de bem-estar animal, alertando os produtores de sua importância e sobre o impacto deste tema na produção”, indica Leda Gobbo de Freitas Bueno, professora do curso de Zootecnia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Dracena. Leda palestrou nesta manhã (04/04) no Painel Avicultura – Bem-estar e Ambiência da AveSui América Latina 2012.
Um dos conceitos que vem sendo adotado em questões sobre o tema é o chamado “in medium virtus”. Conforme explica a professora da Unesp, é um meio-termo dentro do bem-estar, por meio do qual é possível mensurar o seu nível junto aos animais sem se esquecer das necessidades e funções do sistema produtivo. “O “in medium virtus” é se oferecer aos animais um ambiente adequado onde ele possa manifestar todas as suas características naturais, mas que ao mesmo tempo seja viável economicamente ao produtor”, explica Leda.
O bem-estar na produção industrial está diretamente relacionado ao projeto e a concepção das instalações e equipamentos alocados na granja. O impacto do ambiente na produção, saúde e produtividade demonstra haver alguns pontos críticos nos próprios projetos dos galpões. Conforme aponta a pesquisadora, as construções no futuro deverão prever muito mais do que simples fornecimento de sombra para o confinamento, pois as demandas de bem-estar vão passar a exigir novos conceitos de projetos.
Maior densidade – Uma das grandes preocupações hoje relacionadas ao bem-estar envolve o quesito ambiência. Dentro dos aviários, o controle térmico, de ruídos e aéreo se tornou extremamente importante. Com a adoção de novas tecnologias e galpões automatizados, com adoção de sistemas como o de ventilação mínima, tem ocorrido um aumento desenfreado na densidade de aves nestas instalações. Segundo explica Leda, o crescimento da demanda mundial por proteínas animais, atrelado as estreitas margens de rentabilidade dos produtores, têm sido um dos principais motores deste processo. “Se pode aumentar a densidade dentro de um galpão, desde que ele esteja preparado para isto. O que temos observado, no entanto, são grandes densidades em ambientes não apropriados”, aponta a professora. “Isto não reflete só no bem-estar, mas também na própria produtividade das aves. Então, a questão dos aviários e da densidade é um ponto que o setor precisa discutir e refletir sobre ele”, conclui.