Brasil, maior exportador e terceiro maior produtor mundial avícola, receberá, em junho, chefes de Estado, lideranças políticas, empresariais, cientistas e ambientalistas para discutir rumos ao desenvolvimento do planeta no Rio de Janeiro (RJ). Mas este ano a Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 – deverá ir além da questão ambiental, avançando na direção de um modelo de economia verde. A Rio 92 mudou concepções a respeito da saúde do planeta e provou as mudanças climáticas são um sério problema mundial, mas pouco foi feito para controlar ou reverter essa situação. Atual modelo econômico está falido e ameaça não só a vida do homem, mas também a vida do planeta, um dos principais desafios da conferência deste ano será produzir normas internacionais que sejam respeitadas e cumpridas pelos países, só assim será possível promover alterações nos atuais padrões de produção e de consumo, por isso a Rio+20 focara na economia verde e redução da pobreza.
O Congresso discute mudanças no Código Florestal, podendo contribuir nos debates a partir de experiências com produção de alimentos de qualidade e ferramentas de proteção ao meio ambiente; não existe mais espaço para modelos de desenvolvimento que deixem de incluir na contabilidade empresarial a escassez de recursos naturais, desigualdades sociais, poluição e desmatamento. A Rio 92 consagrou conceito de desenvolvimento sustentável e governos, empresas, organizações da sociedade civil já dão os primeiros passos para estimular a proteção de ativos ambientais e sociais nas cadeias de negócios, entre outros desdobramentos. Deu origem a três convenções que tratam de biodiversidade, desertificação e mudanças climáticas e aprovou a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, além de ter inspirado países a instituírem legislações nacionais de proteção ambiental e o principal documento produzido foi o Agenda 21, em referência a compromisso dos 179 países participantes com a adoção de métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica no século.Países desenvolvidos lidam com conflitos por água, alimento, energia e espaço, para atender a um aumento populacional mundial de cerca de 75 milhões de pessoas/ano, o mundo repensara hábitos da vida.
Agronegócio brasileiro – O agronegócio salva o Brasil, existindo preconceito em setores industriais com relação ao fato do Brasil ser um grande exportador de commodities, muitos acham que é fácil produzir já que temos bom solo e água, mas não sabem o grau de tecnologia usado hoje na produção de alimentos, até o início da década passada, o Brasil tinha baixa capacidade de gerar dólares. Toda vez que havia uma crise, o País era afetado porque não tinha dólares, mas devia em dólares, foi o agronegócio que trouxe a moeda americana ao País. A dívida pública brasileira era de US$ 138,6 bilhões em 2003 e passou a US$ 76,7 bilhões em 2011, no mesmo período reservas de dólares saltaram de US$ 15,9 bilhões para US$ 352,1 bilhões. Estimativa da ONU que a população mundial, hoje de seis bilhões de habitantes chegue a nove bilhões em 2050 e o organismo da própria ONU que trata da Agricultura e Alimentação, a FAO, da necessidade de aumento de 60% na produção de alimentos.
O Brasil é capaz de oferecer 50% desta nova demanda. Países como os Estados Unidos não têm mais a oferecer em termos de produtividade agrícola porque já empregam a mais alta tecnologia; o governo brasileiro deveria ter isso como um foco. Deveria ter uma política estratégica para sustentar a produção agrícola e lamento que Embrapa, que foi fator crucial para o agronegócio brasileiro, esteja deixada de lado pelo governo. Algumas medidas positivas tomadas pelos governos nos últimos anos: privatizações, aumento de crédito para carros e casas, câmbio flutuante e programas sociais, mas capitulamos com taxas de crescimento muito baixas, em média, o Brasil vem crescendo 4,2% nos últimos anos enquanto demais emergentes – sem a China – 6,5%. Brasil se destaca mais que outros emergentes no cenário internacional porque, em economia, tamanho é documento, somos o 6º maior PIB, o 8º em consumo de petróleo, o 3º no mercado de computadores, o 5º na telefonia e o 4º do mundo em carro. No entanto, o País não cresce num ritmo compatível com seu gigantismo por falta de investimentos, carga tributária na faixa de 24% até 92, com inflação galopante e a partir do Plano Real, ela começou a subir chegando a 37%. Carga tributária sobe, investimentos em infraestrutura caem, Brasil gasta muito com Previdência e custeio da máquina, enquanto a infraestrutura deteriora, gastamos 12% do PIB em aposentadoria, tendo 6% da população aposentada, Alemanha gasta 11% do PIB, tendo 20% de aposentados, enquanto demais emergentes investem cerca de 30% do PIB em infra-estrutura, Brasil destina 18%, por isso, não há saída e terá que ter novas privatizações. Avicultura e protagonista desse cenário e com sustentabilidade.
Valter Bampi, médico veterinário, professor universitário e especialista avícola.