A combinação entre a Perdigão e a Sadia recebeu um importante aval dos investidores logo na largada: foram levantados, na época, R$ 5,2 bilhões em uma oferta pública de ações para auxiliar no processo de saneamento financeiro do negócio.
A Sadia chegou ao negócio em uma situação financeira muito delicada, depois de perder R$ 2,55 bilhões com contratos de câmbio de alto risco. Inicialmente, a única concessão que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) fez foi que a parte financeira pudesse ser gerida conjuntamente. Justamente, para que a questão, fator que desencadeou o negócio, pudesse ser resolvida.
Após o aporte, a situação financeira da empresa foi para um patamar mais razoável. Em março, a companhia tinha dívida líquida de R$ 5,9 bilhões, equivalente a duas vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
Além da Sadia, outras companhias também tiveram perdas significativas com os mesmos instrumentos financeiros. O caso mais emblemático foi da fabricante de celulose branqueada de eucalipto Aracruz, que foi consolidada pela Votorantim Celulose e Papel (VCP) na mesma época da criação da BRF.
A Aracruz teve perdas de R$ 4,3 bilhões. Apesar de na união com a VCP ter recebido um aporte do BNDES, o negócio continuou alavancado. Além de capitalização, a Fibria se desfez de diversos ativos considerados menos estratégicos.
Por conta dos desafios financeiros ainda existentes, a companhia resultante, a Fibria, acaba de levantar R$ 1,4 bilhão numa oferta primária de ações. O valor de mercado da empresa está em R$ 7,6 bilhões, próximo da avaliação que a VCP tinha sozinha, antes de assumir a Aracruz. Contudo, vale frisar que são segmentos muito distintos.
Outra companhia que também sofreu com perdas financeiras da mesma espécie que Sadia e Aracruz foi a sucroalcooleira Santa Elisa, que hoje integra o grupo LDC Bioenergia, controlado pela multinacional francesa Louis Dreyfus. A companhia se prepara agora para captar recursos com uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), na BM&FBovespa.
De acordo com as informações do prospecto da oferta, a empresa utilizará 30% dos recursos que levantar na oferta de ações para pagar dívidas. Em junho de 2009, a dívida era de R$ 2,468 bilhões e, agora, está em R$ 1,685 bilhão.
A oferta da LDC pode somar perto de R$ 1 bilhão e terá uma parte primária, em que os recursos irão para o caixa da companhia, e uma fatia secundária, que será colocada dependendo das condições de mercado.