A perspectiva de firme demanda tanto nos Estados Unidos como no mercado global deve garantir neste ano a recuperação no desempenho da Pilgrim’s Pride, a unidade norte-americana de frango que puxou para baixo o resultado da JBS em 2011, disse o diretor de Relação com Investidores da companhia ontem (04).
“Vemos uma melhora nos Estados Unidos… houve um corte na produção no final do ano passado, mas tem uma demanda aí”, afirmou o diretor Jeremiah O’Callaghan em entrevista à Reuters.
O mercado norte-americano viveu um ano de excesso de oferta que pressionou as cotações do frango. Tal cenário levou as empresas a fazerem cortes na produção que tiveram reflexo já no final de 2011, com uma oferta menor, em meio a uma demanda firme.
O JBS teve um prejuízo de 75,7 milhões de reais em 2011, pressionado pelas perdas na unidade de frangos dos Estados Unidos.
A Pilgrim’s, segunda maior produtora de aves do mundo, acumulou perdas de 833 milhões de reais no ano passado. A companhia agora espera uma reversão do resultado da subsidiária norte-americana.
O executivo ressaltou que o aumento das vendas externas da Pilgrim’s, que anteriormente tinham baixa participação no faturamento e agora já representam 20 por cento, também deve colaborar para esta inversão no resultado negativo.
“É uma mudança de cultura. Antes apenas o remanescente ia para o mercado externo, agora estamos fidelizando… exportando mais”, acrescentou.
Cerca de 25 por cento do faturamento total da companhia é proveniente das exportações.
O’Callaghan, que está na companhia há 17 anos, originalmente trabalhou na parte operacional e posteriormente mudou para a área de relacionamento com investidores durante o processo de internacionalização da JBS, que a levou à liderança global na produção de proteína animal.
A companhia vai priorizar o uso eficiente de emissão de títulos para reduzir a alavancagem e diminuir o descasamento no fluxo de caixa decorrente de ter operações espalhadas pelo mundo inteiro, disse O’Callaghan.
A melhor alternativa, na avaliação do executivo, é se endividar no estrangeiro via a unidade JBS USA e usar o dinheiro da captação para pagar dívida a juros mais altos no Brasil, como já foi feito, ele disse. “O objetivo principal é fazer um uso mais eficiente do capital,” acrescentou.
Por ora, a companhia está empenhada em focar na redução da alavancagem no Brasil. Numa segunda etapa, ele diz, os esforços para melhorar o custo de financiamento focarão na dívida externa, especialmente em bônus em dólares.
O resultado negativo da Pilgrim’s afetou os indicadores sobre a dívida da companhia no final do ano passado.
No ano passado, incluindo a Pilgrim’s, a dívida líquida ficou em quatro vezes o Ebitda.
Com a melhora de desempenho prevista para a unidade americana produtora de frango, é possível que a relação de dívida líquida caia a menos de três vezes Ebitda, ponderou Eduardo Galvão, gerente de RI.
Produção local
Esta mesma perspectiva de mercados demandantes para o frango se repete no caso da carne bovina, o que tem feito a companhia maximizar o uso de sua capacidade produtiva. Além de arrendamentos, a companhia está atenta a possíveis aquisições de unidades que permitam ampliar esta capacidade.
A estimativa do JBS, maior produtor de carne bovina do mundo, é fechar 2012 como uma capacidade para abater em torno de 8 milhões de cabeças e um abate de cerca de 7,5 milhões de animais, o que representaria um incremento de 20 por cento em relação a 2011.
O total abatido no Brasil em 2011 representou pouco mais de 40 por cento do total no mundo.
A previsão para 2012 também está em linha com a perspectiva de atingir até 95 por cento da capacidade operacional neste ano, estratégia ancorada na manutenção da demanda interna e de uma melhora no mercado externo ao longo de 2012.