Bancos dos Emirados Árabes Unidos, que inclui Dubai e Abu Dhabi, cortam aceleradamente a confirmação de cartas de crédito para o Irã fazer importações, o que pode afetar mais vendas do Brasil para o mercado iraniano, de acordo com uma fonte na região.
As exportações brasileiras para o Irã faziam uma conhecida triangulação, sobretudo por Dubai. Dados do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior (Mdic) mostram que as exportações para o Irã declinaram de US$ 908 milhões no terceiro trimestre de 2011 para US$ 138 milhões no primeiro trimestre deste ano – ou seja, houve uma queda de 85%.
No mesmo período, no entanto, as exportações brasileiras para o pequeno Dubai caíram apenas ligeiramente, de US$ 786 milhões para US$ 611 milhões.
Em São Paulo, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Irã disse desconhecer o movimento de corte na emissão de cartas de crédito por bancos dos Emirados e que afetariam as vendas brasileiras. O certo é que está havendo problemas para o pagamento no comércio bilateral.
Justamente por causa desse problema, o Irã está próximo de fechar acordo de “barter”, ou troca de mercadorias com o Paquistão. E já propôs o mesmo tipo de negócio com a Índia, seu principal cliente de petróleo.
Com o Paquistão, os iranianos se preparam para trocar minério de ferro por trigo. Com a Índia, a proposta é de trocar petróleo também por grãos.
Recentemente, até os Estados Unidos, que lideram a oposição internacional ao programa nuclear iraniano, venderam trigo para o Irã, apesar da enorme tensão e das sanções ampliadas impostas por Washington. Os americanos venderam 120 mil toneladas, segundo o jornal “Teheran Times”, e o negócio não é ilegal, não sendo coberto pelas sanções.
O governo iraniano está enfrentando dificuldades em repatriar fundos por causa de sanções sobre seu banco central. Recentemente, uma companhia grega suspendeu a importação do petróleo iraniano porque não conseguia fazer a transferência de seu pagamento.
No caso do petróleo, a expectativa é que, com a alta do preço da commodity neste ano, Teerã vá ganhar US$ 56 bilhões, apesar de perda no volume por causa das sanções. Até junho, países que aderirem às sanções devem reduzir ou parar de comprar petróleo do Irã.