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Exportação

Dependência em modal fragiliza escoamento de grãos em Mato Grosso

Gastos na hora de levar a produção de Mato Grosso até o porto de Paranaguá (PR) cresceram 109% entre 2003 e 2011.

A dependência do setor produtivo por um único modal de transporte – o rodoviário – tem deixado o transporte de grãos mais caro e menos eficiente. Os gastos na hora de levar a produção de Mato Grosso até o porto de Paranaguá (PR) cresceram 109% entre 2003 e 2011, indicou o Movimento Pró-Logística, formado pela união de diferentes entidades mato-grossenses. Assentou-se a cobrança por novas alternativas.

Em Mato Grosso, a maior parte do que sai do estado em direção aos portos segue pelas estradas, especialmente na rota da BR-163, considerada uma das artérias da unidade federada. Edeon Vaz Ferreira, coordenador-executivo do Movimento Pró-Logística, explica que somente na extensão Centro-Norte da rodovia concentram-se 48% da produção de soja do estado.

Mas ao ter a via como uma das únicas para mandar a soja para outros locais, o prejuízo atinge cifras expressivas. “O produtor deixa de ganhar R$ 4 por saca de soja no final. Essa rodovia vai beneficiar principalmente produtores do Centro-Norte do Estado”, destacou o representante, em entrevista ao Agrodebate.

Para Vaz Ferreira, enquanto os agricultores não podem usufruir de alternativas, a exemplo de hidrovias (que no Brasil respondem por somente 4% de todas as operações de transporte), uma das saídas seria contar com um sistema de escoamento eficiente. Ele cita as obras na BR-163 entre Mato Grosso e também no Pará como uma saída para o produtor ganhar mais agilidade e conquistar novos acessos.

Em Mato Grosso a última área em obra referia-se ao trecho de aproximadamente 50 quilômetros a partir de Guarantã do Norte, a 721 km de Cuiabá, até a divisa com o Pará. No estado vizinho, dos 1.204 quilômetros, pouco mais de 700 quilômetros ainda não estão pavimentados, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

Para os produtores mato-grossesnses, a BR-163 é apontada como alternativa para ligar o estado aos portos do Arco Norte. Somente esta operação possibilitaria queda no custo do frete de 35% a 40%, estimam os produtores.

Quem produz em Mato Grosso diz sofrer com a falta de opção na hora de transportar o que do campo retira. Agricultor em Sinop, a 503 quilômetros de Cuiabá, Adelmo Zuanazzi fala em ganhos na competitividade com a melhora na logística.

“Somos carentes, pois estamos longe das vias de escoamento. A BR-163 é um sonho de 25 anos. O prejuízo com a falta de logística é a maior dificuldade do produtor, pois faltam modais de transporte e estamos distantes dos portos”, frisou o agricultor.

Durante esta semana, uma comitiva formada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja), Federação da Agricultura e Pecuária (Famato) e sindicatos rurais percorre os mais de mil quilômetros da BR-163 entre Cuiabá a Santarém (PA) no chamado ?Estradeiro Aprosoja?.

O grupo pretende levantar as condições da rodovia e as obras realizadas especialmente no território paraense. As constatações vão formar um relatório a ser entregue ao Governo Federal. Por meio dele, o setor produtivo pede agilidade no andamento dos serviços.

Influência – O Plano de Desenvolvimento da BR-163 já mapeou a dimensão da estrada federal. Somente em Mato Grosso, 41 municípios estão sob influência da BR-163. A população chega a 673 mil habitantes, ou 24% do total do estado. Juntas, as cidades equivalem a 32% da área de Mato Grosso e a produção de grãos pelas cidades chega a 14,7 milhões de toneladas.

Na área de influência da BR-163 a atividade econômica está baseada no setor primário, com predomínio da agricultura, com o plantio de soja, milho, arroz e algodão, além da pecuária bovina e da exploração madeireira.

Na Câmara dos Deputados continuam as discussões sobre a necesside de ter modais de transporte para o escoamento da produção. Confira a entrevista com o ex-ministro da Agricultura, deputado federal Reinhold Stephanes (PSD-PR).