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A luta de um cientista para fazer um robô desossador de frango

Robô economizaria milhões de dólares e o abatedouro poderia obter mais carne.

A luta de um cientista para fazer um robô desossador de frango

Cortar um frango parece ser uma tarefa suficientemente simples para quem já fez isso na cozinha. Mas a coordenação motora entre o olho e a mão, ou as avaliações do cérebro humano para decidir o ponto e a profundidade do corte, têm sido incrivelmente difícil de reproduzir com um robô, diz Gary McMurray, que comanda uma equipe de cientistas de robótica no Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA), conhecido como Georgia Tech.
Um robô capaz de fazer o serviço economizaria milhões de dólares em salários, dizem especialistas da indústria do frango. E o abatedouro comum poderia obter muito mais carne.
É “um projeto de busca do Santo Graal”, diz McMurray. “Cada frango é de um jeito.”
Agora, depois oito anos de esforço, o diretor da divisão de tecnologia de processamento de alimentos do Instituto de Pesquisas da Georgia Tech e sua equipe planejam testar em junho o que chamam de protótipo “revolucionário” de um robô desossador de frangos.
O instituto colabora com indústrias e militares para identificar tarefas monótonas que podem ser realizadas por robôs, diz McMurray. A máquina, equipada com braços robóticos e uma lâmina cirúrgica, é guiada por um sistema de identificação visual em três dimensões que pode determinar numa fração de segundo o tamanho de cada frango e onde fica a pele, a carne e os ossos, diz McMurray. A equipe já exibiu o robô para grupos do setor de frangos e agora está testando o protótipo para garantir que ele pode processar o frango tão rapidamente e eficientemente quanto um operário e sua faca.
A perspectiva de finalmente ter um robô que funcione tem animado a indústria de frangos. Os americanos consomem atualmente mais frango que qualquer outra carne e o consumo médio por pessoa subiu de 18,3 quilos em 1970 para 37,9 quilos em 2010.

“Realmente seria revolucionário”, diz John Wright, vice-presidente de operações da Fieldale Farms, em Baldwin, na Geórgia.
Outros estão reclamando. Os restaurantes querem garantir que a carne desossada por robôs não venha com pedaços de ossos. Os operários do setor temem perder o emprego.
O robô também vem incomodando os fabricantes de máquinas de desossar, que alguns abatedouros de frango já usam. As máquinas não têm a mesma tecnologia do robô porque geralmente são automatizadas para trabalhar com um conjunto de dimensões para as aves.
A empresa japonesa Mayekawa Manufacturing Co., que tem um robô para processar porcos, chegou a estudar uma versão para frangos, mas percebeu que sua máquina não automatizada fazia um trabalho melhor, disse Mark Ivers, gerente de vendas da empresa em Chicago.
“Já tentaram — muitas e muitas vezes — criar esses robôs mas eles nunca funcionaram”, diz Michael Robach, vice-presidente da gigante dos alimentos Cargill e integrante do comitê consultor de pesquisas da Associação de Ovos e Frangos dos Estados Unidos.
McMurray está otimista sobre o robô, cujo desenvolvimento foi financiado pelo estado da Geórgia, maior produtor de frango dos EUA. Quando ele vai a feiras do setor, representantes de empresas o cercam para perguntar como o projeto do robô vem progredindo, diz ele.
McMurray, de 49 anos, começou a carreira com uma bolsa na Nasa, a agência espacial americana, para desenvolver equipamentos robotizados para uma futura base lunar. Anos depois, quando se candidatou para um emprego na área de processamento de alimentos da Georgia Tech, enfrentou uma saraivada de perguntas na entrevista.
“Você vai se dar bem trabalhando com frangos? Aqui não é a Nasa. Não é nada glamoroso”, ele lembra ter ouvido dos recrutadores. Ele disse a eles que não ligava para glamour. Ele estava mais interessado em problemas desafiadores.
Abaixo, em foto do Georgia Tech Research Institute, Gary McMurray faz uma demonstração de seu robô desossador de frangos.