A competitividade no mundo globalizado requer inovação (diferenciação), ação coletiva (consórcios, associações, cooperativas) e racionalização de custos. A afirmação é do consultor empresarial e professor da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Fava Neves, que proferiu palestra sobre O Papel Transformador do Agrobrasileiro na tarde de segunda-feira, 25 de junho, na CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), em Campinas, a convite da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS). Ele também participou da reunião dos membros do Consórcio Suíno Paulista.
A empresa de consultoria de Marcos Fava Neves vai auxiliar a APCS a traçar um plano estratégico de viabilidade econômica da suinocultura, que passa por grave crise decorrente dos baixos preços ao produtor —por causa disso, vários tiveram de fechar suas granjas, abandonando a atividade.
A elaboração do plano estratégico inclui um estudo detalhado do setor: como está, qual o seu tamanho, quanto emprego e imposto ele gera, qual a produção. Depois, assinalar os pontos fracos e fortes, quais as oportunidades que se abrem e quais as ameaças. Com base em tudo isso traçam-se objetivos, entre eles qual o potencial de crescimento a ser obtido por meio de determinadas estratégias. “Temos de ter projetos de marca, sanidade, distribuição em açougues e outros pontos de venda etc.”, exemplifica Marcos Fava Neves. “Ainda não dá para falar sobre a suinocultura porque não temos muito conhecimento de como é o setor no estado. Precisa-se de um estudo, um diagnóstico para se chegar lá”.
Em entrevista, o consultor considerou moderna a iniciativa da APCS em criar o Consórcio Suíno Paulista, que propicia, por exemplo, compras de insumos a preços mais vantajosos. “O consórcio é um exemplo de ação coletiva de sobrevivência e crescimento, o produtor organizado, cadeia produtiva conversando para, juntos, superar as deficiências e aproveitar as oportunidades surgidas”, destacou.
Como eventual fator negativo da criação de um consórcio, ele apontou a ausência de resultado, o que faz as pessoas deixarem de participar, culminando num ciclo de pobreza. “Para evitar isso, o consórcio tem de ser muito ativo para mostrar resultado e as pessoas têm de ter um pouco mais de paciência para saber que, sem o consórcio, a vida fica muito mais difícil”.
Ele colocou uma questão para os suinocultores refletirem: “É interessante manter a produção de suínos no estado de São Paulo?”. Para ele, a resposta é sim porque o consumo e a exportação de carne suína tendem a aumentar nos próximos anos, até por conta do crescimento da população mundial, apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor, principalmente pelos suinocultores independentes.
Ele lembrou que, no estado de São Paulo, há “ilhas de excelência na produção de suínos”, com selo de origem, que atendem bem o consumidor paulista. “O consórcio, com um plano estratégico, tende a mostrar quais são essas regiões e de que maneira isso seria competitivo”.
O produtor e gerente do frigorífico Santa Rosa, Pedro Gabone, achou importante a participação do consultor na reunião dos membros do consórcio. “O Marcos Fava disse que, juntos, podemos ainda fazer alguma coisa para a suinocultura paulista e espero que ele possa nos nortear no desenvolvimento do setor”.
O produtor Carlos Alberto Cunha avaliou também de forma positiva a participação do consultor na reunião do consórcio. “Ele tem muito a agregar ao nosso setor porque tem uma visão macro do agronegócio”.