A melhora do humor financeiro na Europa e a baixa do dólar não foram páreos para o “mercado de clima” nos Estados Unidos, que voltou a derrubar os preços dos grãos na bolsa de Chicago.
Os contratos de soja para setembro (que ocupam a segunda posição de entrega, normalmente a de maior liquidez) recuaram 44 centavos, a US$ 15,9650 por bushel. As vendas de posições compradas pelos fundos, estimuladas pela volta das chuvas ao Meio-Oeste americano (que sofria com a seca e o calor) pressionaram a oleaginosa.
Desde sexta-feira, os fundos venderam 31 mil contratos de soja e houve uma queda de 33,29 mil contratos em aberto – o que indica a liquidação por parte dos investidores, interessados em embolsar os lucros com os preços recordes dos últimos dias.
Entretanto, para Vinícius Ito, analista do Jefferies Bache, em Nova York, o volume de chuvas ainda é modesto, insuficiente para estabilizar as lavouras. “O problema é que a previsão indica retorno do clima seco e quente para a próxima semana”, alerta.
O milho também encerrou em queda em Chicago. Os papéis para dezembro sofreram uma baixa de 11,75 centavos, a US$ 7,7625 por bushel. O grão sofre igualmente com a pressão vendedora, diante de claros sinais de racionamento da demanda. “A produção de etanol nos EUA está no menor nível desde 2010 e o país reportou novos cancelamentos de exportações”, disse Ito.
O tempo desfavorável em terras americanas levou o Conselho Internacional de Grãos (IGC na sigla em inglês) a reduzir ontem a estimativa para a safra 2012/13 mundial de milho em 53 milhões de toneladas, para 864 milhões. A produção do grão nos EUA foi cortada em 50 milhões de toneladas, para 300 milhões de toneladas; a de soja foi reduzida em 8,3 milhões de toneladas, para 79 milhões de toneladas.
A possibilidade de ampliação na produtividade do trigo de primavera nos EUA colaborou para a queda do cereal em Chicago. Os contratos para dezembro recuaram 12,75 centavos, a US$ 9,10 por bushel. Um tour patrocinado pelo Conselho de Qualidade do Trigo indica que o rendimento em Dakota do Norte (segundo maior produtor trigo do país, atrás do Kansas) deve ficar em 45,5 bushels por acre (3 toneladas por hectare), ante a previsão inicial de 42,1 bushels por acre (2,6 toneladas por hectare).
Ainda assim, o ABN Amro calcula que o preço do trigo possa atingir seu maior valor desde 2007 e chegar a US$ 9,60 por bushel. O banco acredita que isso deva acontecer se as condições climáticas no Meio-Oeste americano não melhorarem consideravelmente em poucas semanas.