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Produtor deve ficar atento ao manejo de pragas na cultura da soja

Ideal é que o agricultor faça o manejo integrado de pragas (MIP), inspecionando a lavoura constantemente.

Produtor deve ficar atento ao manejo de pragas na cultura da soja

Com início da semeadura da cultura da soja em diversos estados brasileiros, os produtores rurais devem ficar atentos às pragas que atacam a cultura da soja durante todo seu ciclo – da semeadura até a fase de enchimento de grãos. O ideal é que o agricultor faça o manejo integrado de pragas (MIP), inspecionando a lavoura constantemente para verificar a percentagem de plantas e vagens atacadas, averiguar o nível de ataque da desfolha, bem como as espécies, quantidade e tamanhos das pragas.

Do momento da semeadura até os 30 dias de desenvolvimento da cultura, o grupo de pragas que podem atacar a lavoura são chamadas pragas iniciais. Na fase vegetativa, o grupo é das lagartas desfolhadoras, enquanto na fase reprodutiva, a praga principal são os percevejos, insetos que sugam o grãos.

Segundo o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados/MS), Crébio José Ávila, da área de entomologia agrícola, a tática mais importante para o controle das pragas iniciais é realizar o tratamento de sementes de soja com inseticidas – atualmente, as indústrias já podem vender as sementes tratadas. “Funciona muito bem para a lagarta elasmo e o coró, que é uma larva de besouro. A pulverização com inseticida pode ser feita no sulco de plantio; após a emergência, o produtor pode fazer a pulverização foliar para controlar tanto o elasmo quanto o tamanduá-da-soja”, diz o pesquisador, enfatizando que a pulverização não deve ser realizada com umidade relativa do ar abaixo de 55% nem temperatura maior que 34ºC.

O tamanduá-da-soja adulto faz a postura na haste da planta, que pode quebrar e não se desenvolver. Em Mato Grosso do Sul, essa praga foi constatada a partir de 1999, inicialmente em Maracaju, e hoje ocorre praticamente em todo sul do Estado. A lagarta elasmo, com ocorrência em quase todo Brasil, ataca a planta em sua fase jovem, perfurando o talo. Normalmente, expressa-se em condições de alta temperatura e baixa umidade do solo. Os corós, atualmente com aparecimento acentuado em Mato Grosso e Goiás, alimentam-se das raízes da soja que perderá sua capacidade de absorver água e nutrientes e terá reduzido o potencial produtivo das plantas remanescentes.

Já as lesmas e os caramujos, comuns no Cerrado Brasileiro, também podem causar desfolha, principalmente, em plantas muito jovens. “Essas pragas estão muito associadas com a cultura antecedente. Se o produtor usou nabo forrageiro como cobertura para formação de palha, por exemplo, ele tem que estar consciente que há mais probabilidade de ocorrência dessas pragas e que a inspeção da lavoura deve que ser obrigatória”, diz Ávila. Para o controle dessas pragas, a indicação é usar iscas a base de metaldeído, aplicadas a lanço nos locais de ocorrência da praga.

No período vegetativo, a partir do estádio V3, a atenção do produtor deve estar voltada às lagartas desfolhadora que podem causar a redução da a produtividade da cultura. Para controlar a proliferação da lagarta, a indicação é aplicar inseticida em pulverização, utilizando produtos seletivos para os inimigos naturais. Mas, de acordo com o pesquisador, é importante retardar, ao máximo, a primeira aplicação na parte aérea, iniciando o controle quando houver até 30% de desfolha ou em torno de 20 lagartas por pano-de-batida. O objetivo é deixar a lagarta começar a se desenvolver para que produza um substrato inicial, que permitirá o estabelecimento dos inimigos naturais na cultura da soja.

“Há trabalhos que demonstram que essa forma de manejo contribui para reduzir o número de aplicações de inseticida no ciclo da cultura. Se, ao contrário, o agricultor utilizar um produto de amplo espectro, considerada como uma “bomba atômica” na fase de estabelecimento da praga, haverá um deserto biológico e, como consequência, o aparecimento de pragas na condição de ressurgência, além de problemas com outras pragas, como ácaros e a lagarta-falsa-medideira”, explica.

A fase crítica do manejo de pragas da soja é a do controle do percevejo, principal praga da cultura. Ao contrário da lagarta, o produtor não percebe rapidamente os danos provocados por esse inseto. Por isso é preciso monitor o percevejo por meio de amostragem, para não perder o momento correto de aplicação do inseticida, e observar a densidade populacional em que se encontra. A recomendação da amostragem é de 2 percevejos por metro de fileira de soja para grãos e 1 percevejo por metro de fileira de soja para produção de sementes.

Para aumentar a eficiência no controle de percevejos, a recomendação é adicionar 0,5% de sal de cozinha na calda do inseticida, ou seja, 500g de sal refinado em 100 litros de água. “No passado, a recomendação, ao colocar sal, era a de reduzir a dose de inseticida pela metade. Atualmente, sabemos que isso não é necessário. O produtor pode usar o sal e manter a mesma dosagem de inseticida, até por prevenção à resistência”, afirma o pesquisador.

Outras pragas que ocorrem na cultura da soja são os ácaros, que aparecem, normalmente, devido a condições de desequilíbrio provocadas no início de desenvolvimento da cultura, por manejo realizado de forma inadequada. Na região sul de Mato Grosso do Sul, as três espécies mais encontradas são o branco, o rajado e o verde. Para reduzir a infestação, o que se recomenda é o uso de 0,25% de óleo mineral na calda acarecida, o que aumentará a eficiência do controle e do residual do produto que permanecerá ativo por mais tempo.

Na fase de maturação da lavoura da soja, próximo à colheita, o percevejo já não é mais um problema para essa cultura, mas poderá ser para o milho safrinha. Por isso, na fase de dessecação da soja, recomenda-se uso de inseticida para baixar a população do percevejo. “É essencial que o produtor faça o manejo integrado de pragas durante todo o ano, que para não haja infestação nas culturas e perdas na produção. Além disso, é muito importante que o produtor siga as recomendações de uso dos inseticidas, para não elevar os custos da produção e não poluir o ambiente”, ressalta o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste.