Domínio tecnológico, atenção ao mercado e vantagem competitiva são os três fatores que o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Frederico O. Machado Durães, destaca para quem atua no setor sucroenergético nacional. Para colaborar com a expansão do setor no Brasil, de forma sustentável, a Embrapa criou, em 2011, o portfólio “Inovações para o Setor Sucroenergético”, do qual Durães é gestor. O objetivo é fortalecer os programas de pesquisa da Empresa em bionergia e biomassa, após mapeamento das principais demandas do setor, a fim de trazer soluções tecnológicas que tragam vantagem competitiva no mercado.
“A Embrapa é uma Empresa consolidada e possui uma malha de dados de pesquisa e um grupo técnico bastante forte. Uma empresa nacional desse porte, com 47 Unidades, precisa organizar sua agenda para mercados competitivos. Por isso a importância da criação de portifólios que envolvam e integrem Unidades atuantes em pesquisas. Em meio a mercados competitivos agroindustriais e sucroenergéticos, é preciso compreender como está o mercado atual e como será o cenário futuro, formando uma Agenda Institucional para enxergar o problema e encontrar soluções tecnológicas”, diz.
Segundo Durães, a organização da Agenda segue três grandes direções: sistemas produtivos, que envolvem genética, práticas agrícolas e arranjos de plantas; requisitos de novos processos industriais de primeira e segunda geração, que alimentam as rotas tecnológicas; e estudos transversais de curso ambiental, como economia de água, ordenamento territorial e economia de carbono, para a sustentabilidade ampla no sistema.
Expansão em MS – “Existem dados, do ponto de vista do marco regulatório legal, que apontam a expansão do setor sucroenergético no Centro-Oeste em até vinte vezes para os próximos 15 anos”, afirma Durães. E isso inclui Mato Grosso do Sul, Estado que priorizou há cerca de dez anos esse setor, e já contabiliza 22 usinas de cana-de-açúcar, 14 delas localizadas a menos de 100 km de Dourados. “Além dessa expansão quantitativa, temos que avaliar as qualidades dos trabalhos para que se possa atingir altos níveis de produtividade. O foco é utilizar algumas das cultivares existentes, já com alguma característica de adaptação regional, e, de certa forma, demandar cultivares dos programas de pesquisa que tenham adaptações mais amplas e com níveis de produtividades maiores”, avalia.
Em Dourados, a Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Unidade da Embrapa vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), tem trabalhado com pesquisas que seguem o novo ciclo de desenvolvimento da cana-de-açúcar, principalmente no Brasil Central, em que não se realiza mais a queima da palhada e a cana é colhida crua. “Isso muda significativamente as demandas por tecnologias”, diz o pesquisador e chefe adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Unidade de Pesquisa, Guilherme Lafourcade Asmus.
O chefe adjunto de P&D cita algumas atividades em andamento como, o estudo da quantidade ideal de palha a ser mantida na superfície; da adaptação de cultivares às condições de MS (cultivares, solo e clima, efeito da temperatura na rebrota, análise econômica e remoção de palha); do impacto da retirada total e parcial da palha (dinâmica de carbono e nitrogênio, mitigação dos gases de efeito estufa e biomassa e atividades microbianas); das opções para reforma do canavial mais interessantes (amendoim, crotalária, girassol, soja…); do manejo de pragas; e do comportamento ambiental de agrotóxicos.
Para Durães, o esforço de instituições, como a Embrapa, em adotar boas práticas agrícolas para se obter produtividade de forma sustentável é essencial para o desenvolvimento do setor. “Acredito que dará folêgo para a expansão da cana e do setor sulcroalcooleiro em MS.”
Evento – No dia 23 de outubro, Frederico O. Machado Durães participou do Painel “Competitividade: O mercado interno para o setor sucroenergético e as relações intra-setoriais”, juntamente com o diretor comercial do CTC, Osmar Figueiredo Filho, durante o 6º Canasul, em Dourados. O painel foi mediado por Guilherme Lafourcade Asmus.