Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Economia

Abandonados: Governo assiste passivamente crise que assola a avicultura brasileira

Mais de um ano se passou e o governo federal permanece absolutamente inerte, indiferente e apático frente à crise do superencarecimento dos grãos.

Abandonados: Governo assiste passivamente crise que assola a avicultura brasileira

Mais de um ano se passou e o governo federal permanece absolutamente inerte, indiferente e apático frente à crise do superencarecimento dos grãos (milho e soja) que assola violentamente as maiores cadeias produtivas do Brasil e causa pesados prejuízos à avicultura e à suinocultura. A Associação Catarinense de Avicultura (ACAV) advertiu que o elevadíssimo custo do milho está inviabilizando dezenas de pequenas e médias indústrias frigoríficas e tornando insolvente milhares de produtores rurais.

O diretor executivo da  ACAV, Ricardo Gouvêa, disse que o governo comete um grave erro  ao considerar essa crise apenas  “um problema do mercado”. Assinalou que a avicultura industrial é o setor que emprega intensa mão de obra no campo e nas indústrias de processamento.

Santa Catarina tem mais de 17.000 suinocultores e avicultores integrados às agroindústrias produzindo num setor que emprega diretamente 105 mil pessoas e, indiretamente, mais de 220 mil trabalhadores. O setor no País se desenvolveu copiando o modelo de parceria produtor/indústria implantado em Santa Catarina a partir do início dos anos 70.

-“Milhares de criadores quebram, agroindústrias caminham para o precipício e o governo assiste a tudo, apático, como se desconhecesse as peculiares origens dessa crise” .

O dirigente realça que o cenário gerado pela crise dos grãos é inédito em face do alinhamento de uma série de fatores negativos – estiagem nos EUA que perderam 110 milhões de toneladas de milho, seca no Brasil, demanda em alta no mercado mundial etc – e justifica uma intervenção do governo. Santa Catarina cultiva 540.000 hectares e produz cerca de 3 milhões de toneladas, mas consome 6 milhões, importando do exterior ou do Mato Grosso e Paraná o volume necessário para suprir o déficit de 3 milhões de toneladas. Criadores e indústrias são os mais prejudicados. O produtor independente, aquele que não participa do sistema de integração, está em situação dramática porque não tem a cobertura de agroindústria.

INEXPLICÁVEL
A procura mundial pelo grão tornou o Brasil o segundo maior exportador de milho do mundo, arrecadando bilhões em divisas externas. A produção interna, porém, sofre pelo elevado custo da produção. O milho existe no mercado, mas seu preço é absurdamente elevado: a saca está sendo vendida a 37 reais no sul do Brasil.

A ACAV reclama da falta de ação do governo. As promessas de transferência dos estoques do centro-oeste brasileiro para o sul não foram cumpridas. Uma sugestão prática para amenizar a crise foi dada pelas agroindústrias na forma de um subsídio de 5 reais por saca de milho transportada do centro-oeste para SC a ser deduzida dos impostos federais “foi completamente ignorada pelo governo”. Essa operação custaria apenas 300 milhões de reais ao ano que seriam deduzidos dos créditos de PIS e COFINS que as indústrias da carne têm junto à Receita Federal.

 Na semana passada, o ministro Mendes Ribeiro Filho, da Agricultura, colocou a pá de cal nas esperanças dos criadores e industriais ao reconhecer que o governo nada fará para neutralizar a crise.

O diretor executivo da ACAV observa que a crise dos grãos tem mais de um ano e perdurará até meados de 2013. Muitas agroindústrias de pequeno e médio porte sucumbirão até o fim dessa crise. Há pelo menos vinte delas à venda.