O cultivo do milho representa uma boa alternativa para os agricultores, especialmente por causa do atual nível de preços. Segundo o último informativo conjuntural da Emater-RS/Ascar, a saca de 60 quilos permanece em patamares atraentes para o produtor, que a negocia a R$ 23,00, em média. Em todo o Rio Grande do Sul, apesar da irregularidade das chuvas, a maioria das lavouras apresenta desenvolvimento satisfatório. Em Santa Cruz do Sul, os plantios do ciclo normal estão na fase final de maturação, enquanto as áreas da safrinha seguem sendo cultivadas no meio rural.
Conforme o chefe do escritório local da Emater-RS/Ascar, engenheiro agrônomo Assilo Martins Corrêa Junior, o município tem 11 mil hectares destinados ao plantio do milho. Desse total, 25% são semeados no ciclo convencional e o restante na resteva do tabaco. Ele explica que o grão cultivado na safra tradicional tem maior rentabilidade, principalmente por causa das condições do clima. “O milho pega dias mais longos e com temperaturas mais altas, por isso tem maior potencial produtivo.”
Apesar das quebras registradas durante o pré-florescimento das lavouras – quando houve déficit hídrico -, a expectativa da colheita é de mais de 13,4 mil toneladas em Santa Cruz. Corrêa explica que os resultados favoráveis se devem, principalmente, ao bom preparo dos produtores, que estão cada vez mais investindo em tecnologia e aprimorando as áreas cultivadas. Com as espigas praticamente maduras, a projeção é de que a colheita comece na segunda quinzena de fevereiro.
Em Rio Pardinho, o produtor Evandro Radtke, de 32 anos, está otimista em relação à atual safra. Nos 30 hectares destinados ao plantio convencional, a expectativa é colher uma média de 150 sacos por hectare. Depois das perdas registradas no último ciclo por causa das enchentes, agora as esperanças são renovadas na propriedade. “Espero recuperar os prejuízos do ano passado”, explica. No campo, o milho bem desenvolvido dá provas de que o clima vem colaborando. Além disso, o manejo adequado é fator fundamental nos resultados.
Segundo Radtke, o agricultor precisa estar preparado e atento a todos os detalhes da produção. A escolha de sementes com variedades de ponta, por exemplo, reflete diretamente na colheita. “O custo é mais alto, mas a lavoura responde em produtividade.” Atualmente, praticamente todo o cultivo é mecanizado na propriedade. Na reta final da safra – cuja colheita deve iniciar no final de fevereiro – o produtor também já encerrou o plantio dos dez hectares do milho safrinha. Toda a produção é negociada com cooperativas e criadores de animais. Além disso, boa parte é aproveitada na propriedade e se transforma em silagem para o trato animal.
Safrinha – O zoneamento agrícola do milho safrinha indica a data de 20 de janeiro como prazo final para o plantio na região. Toda lavoura financiada pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) precisa seguir essa determinação para ter direito ao seguro em caso de geada. Após esse período, os riscos são potencializados, pois o florescimento será mais tardio, quando há maior chance de incidência de geada. “Quem plantar agora já está fora do zoneamento”, lembra o agrônomo da Emater.
No entanto, a Secretaria Municipal de Agricultora informa que ainda restam sementes em estoque para os interessados no Programa Troca Troca de Sementes de Milho, do governo do Estado. Até o momento, já foram distribuídos mais de quatro mil sacos, beneficiando aproximadamente 2.250 produtores de Santa Cruz. De acordo com Corrêa, as variedades disponibilizadas são mais rústicas e ideais para o período. Ele também comenta que a safrinha é muito importante para a subsistência das famílias. A produção é destinada, especialmente, ao trato das criações, e se transforma em carne e leite.