Ainda é cedo para falar em perdas, mas as sucessivas chuvas que caíram sobre o Estado nos últimos dias já atrapalham a colheita de soja em várias regiões e podem gerar prejuízos aos produtores. A situação é preocupante também em função das precárias condições das estradas vicinais, ligando as lavouras às BRs. De acordo com os produtores, os municípios mais prejudicados com o excesso de chuvas no período de colheita estão localizados no Norte. As áreas de influência da BR-163 – abrangendo os municípios de Diamantino, Lucas do Rio Verde, Ipiranga, Sinop, Sorriso, Nova Mutum e Tapurah, além de Sapezal e Campos de Júlio – são as mais afetadas pelas chuvas.
Fonte do Sindicato Rural de Sinop informou que atraso na colheita poderá comprometer o planejamento de safra para os agricultures que pretendem plantar o milho safrinha. “A gente planta o milho até o final de janeiro, normalmente, mas quem não colher a tempo não terá como plantar”.
As tradings já acionaram o botão de alerta. “Ainda não estamos recebendo soja ardida, mas se as chuvas continuarem, a situação pode ficar complicada, principalmente nas lavouras que já foram dessecadas”, disse o representante de uma empresa que exporta soja para a Europa.
As chuvas contínuas que afetaram as lavouras na região Norte do Estado deixaram os produtores apreensivos. De acordo com o Sindicato Rural de Sorriso, os últimos dias de chuvas intensas já começaram a contabilizar prejuízos para produtores da região.
Além das dificuldades de colheita, os produtores estão também com a soja atingida pelas doenças fúngicas. A região, que permanecia livre da ferrugem asiática nesta safra, já começou a apresentar focos da doença na maioria das propriedades. Enquanto as chuvas não cessam por longo prazo, os sindicatos orientam o produtor que tiver soja dessecada a aproveitar o sol e colher o mais rápido possível.
O excesso de chuva causa preocupação também em Ipiranga do Norte (397 km de Cuiabá). Para os produtores, a chuva ameaça a colheita de soja e, para o município, significa dor de cabeça e prejuízos não só para a agricultura, mas também para as estradas municipais e estaduais que estão ficando intransitáveis. Muitas lavouras já estão alagadas.
Na região Oeste do Estado, a situação não é diferente. De acordo com o presidente do Sindicato rural de Campos de Júlio, Ademir Rostirolla, as estradas estão todas degradadas e em péssimas condições de tráfego. “Enviamos um ofício à Sinfra (Secretaria de Infraestrututura do Estado) em dezembro, alertando para a situação das estradas vicinais. Mas até agora não tivemos um retorno e a situação está cada vez pior”. No ano passado, os produtores da região tiveram perdas por causa das estradas.
“Este ano a situação é mais grave, pois além da soja temos mais de 2,5 milhões de sacas de milho que estão nos armazéns particulares e precisam ser escoados para dar lugar à oleaginosa. Temos ainda 30 milhões de litros de etanol da Usimat que também precisam sair neste momento. Se a estrada não for arrumada agora, teremos sérios problemas durante a fase de colheita intensa”, alerta Rostirolla. O trecho crítico na região é o que liga Campos de Julio a Nova Laderda, cerca de 80 quilômetros na MT-388.
Atraso – Conforme estimativa de colheita de soja da safra 2010/11 de soja, Mato Grosso colheu 1,3% da área, uma evolução semanal pequena, de apenas 0,6 pontos percentuais, devido as chuvas que tem atrapalhado a colheita. De acordo com o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), a atual safra está atrasada em relação ao ciclo anterior em 5,1 pontos percentuais.