Embalada por resultados superiores aos esperados em 2010, a Cooperativa Agropecuária e Industrial (Cocari), com sede em Mandaguari, no norte do Paraná, tem pela frente o desafio de consolidar investimentos de R$ 55 milhões na expansão de suas operações e antecipar de 2015 para 2013 a meta de dobrar seu faturamento anual para cerca de R$ 1 bilhão.
Nada mal para um grupo que passou por graves problemas na década de 90, flertou com a insolvência e teve que enfrentar as dores de uma reestruturação de negócios e gestão. Um difícil período de profissionalização e reinvenção que se espalhou pelas cooperativas agropecuárias em geral no país e do qual muitas delas, ícones inclusive, não conseguiram emergir.
Não foi o caso da Cocari, que em 1999 buscou no mercado um novo presidente executivo, aposentou de vez o estilo paternalista e decidiu que o caminho certo a seguir era o de qualquer empresa, com metas bem definidas e foco em resultados e no retorno dos investimentos realizados. Uma linha de atuação que desde 2004 só rende sobras (lucros) e alimenta os projetos de expansão em andamento.
“Uma cooperativa é uma empresa, e a gestão tem de ser conduzida como tal. Sempre com a vantagem de ser uma cooperativa um conjunto de pessoas unidas em torno de um objetivo comum”, diz Vilmar Sebold, escolhido após um processo de seleção para assumir a presidência da Cocari em 1999. “Hoje toda a diretoria é formada por executivos de mercado, e 100% deles têm suas contas auditadas todos os anos”, diz.
Aos 52 anos, três a mais que a Cocari, esse catarinense que trabalhou na roça antes de se formar em economia e se especializar em gestão econômico-financeira vem sendo reeleito presidente para mandatos de quatro anos desde que assumiu. Sebold afirma que não pretende se eternizar no cargo, e vincula aos resultados que virão seu tempo de permanência no posto na Cocari.
As perspectivas, diz, são positivas. Com os aportes que estão sendo realizados, que se tornaram viáveis a partir da venda de uma destilaria de álcool concluída em 2008, o grupo deflagrou o projeto “Novos Negócios da Cocari” e modernizou entrepostos e suas duas unidades de fiação, além de ter ampliado suas ações socioambientais e de apoio aos associados.
No caso do projeto “novos negócios”, a cooperativa destaca o fortalecimento dos negócios no segmento avícola, com um novo abatedouro que deverá estar concluído em 2012, uma fábrica de rações que será inaugurada no mês que vem e um centro de treinamento.
Sem perder de vista seu carro-chefe, que é a comercialização de grãos – daí a retomada da ampliação da atuação no Cerrado de Goiás -, a Cocari espera, até 2013, ter uma rede de 180 aviários nas mãos de produtores integrados, com uma capacidade total de alojamento de 30 mil a 36 mil aves. E pretende aproveitar subprodutos dessa cadeia. Mesmo os dejetos poderão fertilizar plantações de café nos arredores.
Outra fábrica de rações, neste caso para pets, também será aberta em março próximo, e já há em campo um planejamento envolvendo a produção de laranja. E é porque a Cocari se fortalece em tempos de preços elevados dos alimentos no mercado internacional que a meta – ou o desafio, como prefere Sebold – de faturar R$ 1 bilhão foi antecipada em dois anos.
Em 2010, afirma o executivo, o objetivo de faturar R$ 500 milhões foi superado e o grupo obteve R$ 530 milhões, enquanto seu patrimônio líquido chegou a R$ 222 milhões. Com isso, a meta de chegar a R$ 630 milhões em 2011 também foi ajustada para R$ 700 milhões. O número de funcionários quase dobrou em dez anos, para os atuais 1,1 mil, e o de cooperados está em 5,2 mil.