A carne de frango brasileira pode ser beneficiada a longo prazo após a tragédia no Japão. “A destruição da infraestrutura também prejudica a produção interna de carnes, o que deve contribuir para a compra de produtos acabados”, explica Aedson Pereira, analista da consultoria Informa Economics FNP. Segundo o especialista, como o Japão é um grande consumidor de alimentos, o mercado de commodities tem a tendência de sofrer quedas após catástrofes no país, como ocorreu com o terremoto de Kobe em 1995, No entanto, essa é uma situação passageira. “Eles precisam suprir as necessidades da população, o que garante uma demanda mais firme”, destaca.
Atualmente, o Japão consome cerca de um quinto da carne de frango brasileira exportada. Em 2010, isso representou US$ 900 milhões, dos quais US$ 125 milhões foram adquiridos do Rio Grande do Sul, o que representa 56% das exportações gaúchas no ano.
Para Francisco Turra, presidente-eecutivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Ubabef) a catástrofe não ameaça as vendas do setor para o Japão. “Eles estão honrando os contratos, e nenhum carregamento recebeu avisos para ser atrasado ou mudar de rota”, informa. O dirigente lembra que a carne de frango é uma fonte de proteína barata, o que é ideal para alimentar populações em tempo de crise. “Eles têm que garantir comida para o povo, e como não mantêm grandes estoques isso deve significar que as compras externas estão garantidas”, lembra.
Problemas atingirão economias da Ásia no curto prazo – Os problemas que afetarão o Japão após o terremoto e o tsunami devem ter repercussões na Ásia nas próximas semanas, complicando mais o quadro econômico da região num momento em que os países já sofrem com os preços do petróleo e dos alimentos, afirma o The Wall Street Journal.
A Ásia ainda deve apresentar crescimento vigoroso neste ano, com estimativas de expansão de 7,5% a 8% do PIB excluindo o Japão. Os economistas preveem que o crescimento vai desacelerar em relação a 2010, quando o aumento do PIB regional superou 9%.
Os problemas do Japão “terão impacto na economia global, que, por sua vez, vão se voltar para nós”, disse o ministro de assuntos externos de Cingapura, George Yeo. “Combinado com as incertezas no Oriente Médio, acho que o mundo está entrando numa nova fase, e temos de estar muito alertas e não tomar as coisas como certas, nem sermos confiantes”, disse.