As lavouras de soja e milho de Santa Catarina se mantêm entre as melhores do país neste ano, poupadas pelas secas do La Niña e com avanço em produtividade. Os 460 mil hectares dedicados à oleaginosa e os 570 mil cobertos pelo cereal ultrapassam marcas próximas de 3 mil e 4,5 mil quilos por hectare, respectivamente, neste início de colheita. A renda na região também fica acima da obtida em outros centros produtores, uma vez que boa parte dos agricultores recebe bônus de cerca de 8% por ter a soja selecionada como semente. Para ampliar suas vantagens, o estado reduz custos. Em Campos Novos, na cabeceira do oeste agrícola, a Copercampos amplia a produção de fertilizante “vivo” a partir de cama de aviário, produto até 30% mais barato que o adubo químico.
O chamado Biocoper tem micro-organismos que agem no solo melhorando o aproveitamento do fósforo, afirma o agrônomo Marcelo Capelari. “Normalmente, 80% do fósforo se perde. Com a ação dos fungos, 80% são aproveitados”, compara.
Lançado na safra passada, o produto vem apresentando os mesmos resultados que o adubo industrial, dizem os produtores. “A vantagem é o custo”, afirma o agricultor Márcio Wagner, que passou a utilizar o produto em 100% da área de cultivo. Ele planta 350 hectares de soja e está colhendo 3,6 mil quilos por hectare. Em 50 hectares de milho, o rendimento é de 8,4 mil kg/ha.
A fama do Biocoper leva a Campos Novos representantes de cooperativas do Paraná e de outros estados. A Copercampos planeja dobrar a produção de 5 mil para 10 mil toneladas ao ano e, em seguinda, duplicar a planta industrial, conta o responsável pela indústria, Edilson Moreira.
“O que fazemos aqui não é inédito. O que é novo é a aplicação dessa tecnologia na produção de grãos”, afirma o diretor-executivo da Copercampos, Laerte Thibes. A empresa investiu R$ 10 milhões na indústria de fertilizantes.
Os micro-organismos são comprados do Instituto de Fosfato Biológico, de Goiânia (GO). O fertilizante é composto ainda de cama aviária – que reveste os criadouros de aves e contém restos de ração e esterco – e rocha fosfática, misturados ao ar livre. Após a secagem industrial, o pó resultante não tem cheiro de esterco e recebe fécula de mandioca para ficar granulado.
A produção e a rentabilidade são animadoras em Santa Catarina, avalia a economista Gilda Bozza, que viajou com a Expedição Safra pela região na última semana. A Copercampos prevê avanço de 3,4 mil para 3,6 mil quilos por hectare na produtividade da soja e de 8,4 mil para cerca de 10 mil quilos por hectare no milho. No Oeste do estado, a cooperativa C. Vale informa que a média deve se manter entre 3,3 mil quilos e 9,6 mil quilos por hectare, respectivamente, com avanços pontuais.