A Brasil Foods (BRF) negocia nos bastidores um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para salvar a fusão entre Sadia e Perdigão e evitar que o caso vá a julgamento. Segundo a reportagem que o jornal Estado de São Paulo apurou, as conversas começaram há poucas semanas, mas está difícil de chegar a um entendimento.
As posições das duas partes, no entanto, ainda estão muito distantes. A Brasil Foods insiste que não vai abrir mão das marcas Sadia ou Perdigão e sinalizou que prefere recorrer à justiça. No Cade, cresce a percepção de que vender apenas as marcas mais baratas não é suficiente para garantir a concorrência. Essa posição ficou evidente no parecer divulgado pela procuradoria geral do órgão na segunda, dia 9.
Para a BRF, há outras maneiras de se garantir o surgimento de “um terceiro agente econômico capaz de contrastar com seu poder de fogo” – uma das exigências da procuradoria do Cade. A empresa afirma que poderia incluir outros ativos e marcas, garantir transferência de tecnologia e até compartilhar sua rede de distribuição por um período com os concorrentes.
No Cade, a tendência é de uma negociação duríssima. Os técnicos do órgão garantem que não será aceito qualquer acordo – terá de ser oferecida uma alternativa que efetivamente elimine os problemas de competitividade da fusão. Os estudos apontam que as marcas mais baratas – Batavo, Rezende, Confiança, Wilson e Escolha Saudável – são pouco conhecidas do público.
A procuradoria do Cade expressou preocupação com as “excessivas” concentrações de mercado. Após a fusão, a BRF terá 80% a 90% do mercado de lasanhas congeladas, 70% a 80% nos hambúrgueres, 60% a 70% no presunto e de 80% a 90% nos produtos de festas de fim de ano.