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Exportação

Movimento no Paranaguá

Retorno da soja paraguaia ao Porto de Paranaguá pode render R$ 145 milhões. Embarques devem atingir 5 milhões de toneladas dentro de três ou quatro anos.

Movimento no Paranaguá

O retorno da soja paraguaia ao Porto de Paranaguá, anunciado na semana passada, deve trazer à economia do Paraná uma quantia significativa de dinheiro nos próximos meses, principalmente às regiões de fronteira. Se considerados os custos arrecadados com frete, utilização do porto e estiva – calculados em R$ 131 por tonelada embarcada -, a soma chegaria a R$ 144,8 milhões. Maior parte dessa cifra – R$ 123 milhões – será gerada com frete rodoviário e, portanto, ficará no caminho entre a origem e o destino das cargas. O valor total considera a movimentação de 1,1 milhão de toneladas de grãos, volume que deve ser atingido entre agosto deste ano e o final de 2012, conforme a Admi­­nistração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa).

Essa seria apenas a primeira resposta à reaproximação logística entre os dois países e, segundo especialistas, a cifra tende a triplicar nos próximos anos. “A previsão é que o volume exportado alcance 5 milhões de toneladas dentro de três ou quatro anos”, informa Nilson Hanke, assessor técnico da Federação da Agricultura do Paraná (Faep). A estimativa está baseada no porcentual da produção paraguaia que era exportada quando o país ainda utilizava o canal paranaense. “Na época (2003), quase metade das exportações de soja do Paraguai saia por Paranaguá”, lembra Hanke.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as vendas externas de soja do Paraguai somaram 3 milhões de toneladas na temporada 2002/03, o equivalente a 68% da produção nacional naquela safra. No ano passado, ainda conforme o USDA, as exportações paraguaias saltaram para 6,18 milhões de toneladas, ou 75% da produção do país.

Perigo logístico – Apesar de aumentar o faturamento do Porto de Paranaguá e impulsionar a economia de municípios que ficam na divisa com o Paraguai, a reabertura das operações de trânsito elevará também o fluxo de caminhões nas rodovias brasileiras. A movimentação pode agravar ainda mais a situação de afogamento no corredor de exportação do estado, principalmente durante o pico da safra brasileira, entre março e abril.

Para o superintendente da Appa, no entanto, o risco de aumento do congestionamento no porto “não existe”. Maron acredita que as reformas em Paranaguá vão dar conta do aumento da demanda. “Continuamos trabalhando no ‘repotenciamento’ dos equipamentos. Em oito meses, aumentaremos a capacidade de embarque do porto dos atuais 1,5 mil toneladas por hora para 2,5 mil toneladas”, afirma.

Na sua avaliação, a retomada da relação comercial com o Paraguai é mais uma conquista mais “emblemática” do que financeira. “Não teremos um faturamento significativo. O importante é estarmos abertos para todas as demandas. E tem muita gente querendo voltar a Paranaguá e investir no porto”, revela o superintendente.

Dos quase R$ 145 milhões previstos para circular entre as aduanas paraguaia e brasileira até o fim do ano que vem, cerca de R$ 7 milhões devem ficar com a Appa. O montante será arrecadado através das tarifas Inframar e Infraporto, que contemplam desde os custos para atracação do navio até a utilização de equipamentos para carregamento. Juntas, as duas taxas somam R$ 6,80 por tonelada, em média.

Opção cara, porém ágil – Apesar de gerar mais custos, a abertura das portas de Paranaguá para os grãos paraguaios é considerada uma importante conquista para exportadores do país vizinho. “Com a proibição da entrada de grãos estrangeiros na Argen­­tina, através de taxações, a nossa única alternativa estava sendo exportar pelo Uruguai”, afirma Ovídio Zanguete, gerente da Cooperativa Lar, que tem unidades no Paraguai e exporta anualmente 200 mil toneladas do grão.

Zanquete lembra que o principal encarecimento da operação será com o frete, que deve variar de US$ 70 a US$ 80 por tonelada, conforme o tamanho do trecho. Mas afirma que a nova opção para embarque de mercadorias pode alavancar as vendas de grãos do Paraguai. “Quando você só tem uma alternativa acaba reprimindo as exportações e, por conseqüência, a produção. Com certeza agora o trânsito entre os dois países será agilizado, já que há também uma parceria com a Receita Federal”, avalia.

De acordo com a Faep, o embarque de uma tonelada de grão na Argentina custa, em média, US$ 20, enquanto no Brasil o valor previsto para a próxima safra é de US$ 85 por tonelada.