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Mecanização gera desemprego

'Fomos trocados por máquinas', diz trabalhador sobre usinas em MS. Cerca de 5 mil cortadores de cana já foram demitidos neste ano, diz Fetagri.

Mecanização gera desemprego

O desemprego causado pela mecanização nas usinas de cana-de-açúcar de Mato Grosso do Sul já preocupa entidades representativas dos trabalhadores do setor. De acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul (Fetagri/MS), cerca de cinco mil cortadores de cana já foram demitidos neste ano.

“Os trabalhadores foram substituídos por máquinas que fazem o mesmo trabalho nas lavouras. Por isso eles estão sendo desempregados aos montes nas usinas do estado”, afirmou Geraldo Teixeira, presidente da federação.

Em contrapartida, o setor produtivo afirma que a mecanização nas usinas é imposta por leis federais, estaduais e até municipais que proíbem a queimada da palha da cana por conta dos impactos ambientais.

Em Mato Grosso do Sul, a lei estadual nº 3.404 determina que até 2016 a queima de palha de cana-de-açúcar deve ser totalmente eliminada nas áreas em que a topografia permitir a colheita mecanizada.

Segundo dados da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), 82% dos 461 mil hectares de cana produzidos nesta safra para a produção de açúcar e etanol já possuem colheita mecanizada. O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou o estado como o 5º maior produtor de cana-de-açúcar do país com 21 usinas em funcionamento.

O presidente da Fetagri lembra que na medida em que há o avanço econômico no estado, também há o aumento dos problemas sociais nos municípios onde esses trabalhadores desempregados passam a morar. Ainda segundo Teixeira, a situação tem levado uma grande parcela de ex-cortadores de cana a aderirem a movimentos de lutas por terras.

“Eles fazem bicos para sobreviver ou partem para as filas de barracões de lona à espera de um pedaço de terra da reforma agrária. Nós da força sindical não temos visto nenhuma ação do poder público para resolver esse problema”, afirma o presidente.

Capacitação – A Biosul informou que atualmente trabalha na capacitação de cerca de 900 trabalhadores através do PLANSEQ (Plano Setorial de Qualificação), que recebe recursos do governo federal. O presidente da instituição, Roberto Hollanda, afirma que o objetivo é manter os trabalhadores nas empresas, em outros setores ou mesmo no trabalho da colheita mecanizada. Ainda segundo a Biosul, outras 900 devem ser abertas até o fim deste ano.