A JBS, que fechou o segundo trimestre do ano com um prejuízo de R$ 180,8 milhões, vai reduzir investimentos em 2012 como uma das medidas para diminuir sua alavancagem.
Wesley Batista, presidente-executivo, disse que os investimentos em 2012 ficarão abaixo do pouco de mais de R$ 1 bilhão deste ano.
“O orçamento ainda não está definido, mas deve haver redução significativa dos níveis para 2012”, afirmou em teleconferência com analistas ontem para divulgar o balanço da empresa, uma das maiores de carnes do mundo. “Pode cair para a casa dos R$ 500 milhões”, disse.
Esses investimentos são destinados a ampliação de unidades, melhorias de processos, modernização e manutenção. “Podemos investir menos porque já estamos em fase de finalização de alguns projetos”, afirmou. A JBS também espera uma melhora nos resultados da Pilgrim’s Pride, sua operação de aves nos EUA, a partir do quarto trimestre, o que contribuirá para a desalavancagem.
No segundo trimestre, a JBS teve uma receita líquida de R$ 14,62 bilhões (alta de 3,6% sobre igual intervalo de 2010). Conforme a empresa, todas as unidades de negócios – espalhadas por Brasil, EUA, Austrália e Argentina – tiveram crescimento da receita no período, em moeda local, reflexo do aumento dos preços médios e da forte demanda nos países emergentes.
Já o lucro antes dos juros impostos e depreciação (Ebitda) caiu 41,2% no segundo trimestre em relação ao mesmo intervalo de 2010, para R$ 587,7 milhões. Explicam o recuo, segundo a JBS, o resultado negativo da Pilgrim’s e o desempenho ruim da operação de carne bovina nos EUA.
Com um endividamento líquido de R$ 9,8 bilhões no fim do segundo trimestre (aumento de 6,5% sobre o trimestre anterior), a JBS viu sua alavancagem crescer entre abril e junho deste ano.
A relação entre a dívida líquida e o Ebitda ficou em 3,2 vezes. No trimestre anterior, estava em 2,9 vezes. Os cálculos excluem a Pilgrim’s. Segundo a JBS, os números refletem o fraco desempenho da unidade de carne bovina dos EUA (JBS USA) e a maior necessidade de capital de giro nas operações em decorrência da alta das matérias-primas e insumos.
Apesar de o dólar desvalorizado beneficiar as exportações a partir dos EUA, tanto as operações de aves quanto a de bovinos da JBS no país ficaram aquém do esperado no trimestre. Segundo Batista, o negócio de carne bovina sofreu impacto da marcação a mercado do hedge referente à posição comprada de bois no mercado americano. Além disso, houve perda de receita na operação da Austrália (que faz parte da JBS USA) devido à alta do dólar australiano.
No caso da Pilgrim’s, pesaram a alta nos preços dos grãos e a demanda fraca para alguns cortes de aves vendidos no mercado interno. “Estamos tomando várias medidas para reverter os resultados da Pilgrim’s. Fechamos a unidade de Dallas para ganhar eficiência e estamos reduzindo a produção para equilibrar oferta e demanda.”
Um das operações que tiveram resultado positivo foi a do Mercosul, cujo Ebitda ficou em R$ 427,9 milhões no segundo trimestre, alta de 27,9% sobre igual intervalo de 2010. Batista disse estar otimista com a operação nessa região, uma vez que a demanda está aquecida e a perspectiva é de aumento da oferta de bovinos para abate, principalmente no Brasil.
Com um caixa de R$ 5 bilhões no fim do segundo trimestre, a JBS não comenta eventual interesse em adquirir os ativos colocados à venda pela BRF Brasil Foods. Segundo Batista, a JBS não manifestou formalmente interesse nem a BRF ofertou formalmente os ativos que pôs à venda como condição imposta, em julho, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para sua criação.
Também ontem, a JBS informou que concluiu a emissão de títulos de dívidas de longo prazo no montante superior a US$ 2 bilhões por meio da JBS USA para pagar dívidas mais caras no Brasil, outra medida para reduzir sua alavancagem.
Assim com outras empresas exportadoras, as ações da JBS têm sofrido na bolsa. Ontem os papéis caíram 3,29%. No mês, a queda é de 11,21% e em 12 meses, de 47,98%. Atualmente, a BNDESPar, braço de participação em empresas do BNDES, tem uma fatia de 30,4% do capital social da JBS. A participação era de quase 17% e cresceu após a subscrição de debêntures mandatoriamente conversíveis em ações da companhia.