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Agroindústrias

De olho na BRF

Frigorífico Minerva tem interesse em adquirir ativos da Brasil Foods, mas não há proposta formalizada por parte da empresa.

O frigorífico Minerva tem interesse em adquirir ativos da Brasil Foods, segundo informou uma fonte próxima à companhia, à Agência Leia. “A lista de ativos da Brasil Foods inclui alguns ativos que o Minerva tem interesse, principalmente na distribuição”, disse, explicando que o frigorífico pretende expandir a distribuição no mercado interno.
   
Por enquanto, porém, o Minerva não apresentou proposta para a Brasil Foods, mas é possível que, se algum dos ativos tiver uma importância estratégica para a companhia, uma negociação entre as empresas seja iniciada.
   
Na semana passada, o presidente da BRF, José Antonio Fay, evitou detalhar quais interessados já tinham entrado em contato com a companhia, que contratou o BTG Pactual para fazer o processo de negociação de seus ativos, exigência feita pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) como contrapartida para aprovar a fusão entre Sadia e Perdigão e que formou a BRF.
   
O Minerva, no entanto, está abrindo espaço em seu balanço financeiro para estar preparada para qualquer possível oportunidade. Segundo a fonte, o frigorífico tem uma vantagem competitiva frente os outros concorrentes do setor porque é o único que ainda não fez grandes movimentos de aquisições e, portanto, tem uma situação de caixa e dívida bastante saudável na comparação com os outros players. Além disso, a empresa está trabalhando para o rebalanceamento de sua dívida e a diminuição da utilização de hedge.

 
“Os concorrentes já fizeram muitas aquisições e estão com dificuldades de digerir o que compraram. Além disso, os números de alavancagem têm mostrado uma tendência de alta, e o BNDES já está no topo da participação acionária permitida nessas empresas. Com isso, fica mais difícil fazer novas aquisições”, ressaltou a fonte.
   
Em maio, por outro lado, o Minerva fez uma captação de R$ 200 milhões por meio da emissão de debêntures. O recurso será utilizado, entre outros pontos, na liquidação da dívida de aquisição do frigorífico uruguaio Pul, comprado em janeiro, e no pagamento de parte de uma cédula parcial de crédito ao Banco do Brasil.
   
O perfil de endividamento da companhia é confortável, já que o Minerva encerrou o segundo trimestre com uma dívida total de R$ 1,906 bilhão, em que 78,9%, está no longo prazo. A dívida líquida soma R$ 1,258 bilhão e a relação dívida líquida e Ebitda está em 3,99x. A companhia terminou o segundo trimestre com R$ 613,6 milhões em caixa, o que segundo a empresa é, portanto, suficiente para saldar os compromissos até o final de 2012.
   
“Não há nenhuma pressão de caixa para compromissos de curto prazo. O Minerva está acelerando a desalavancagem para fazer frente às oportunidades que surgirem”, informou a fonte à Agência Leia. Segundo ele, a companhia tem interesse, também, em adquirir novas plantas de produção para ampliar a diversificação geográfica e mitigar o risco sanitário. “Se há um foco de [febre] aftosa, dificilmente o Brasil inteiro é afetado, por isso, quanto mais diversificada geograficamente a companhia estiver, melhor”, disse.
   
Sobre o recente embargo Russo à carne brasileira ter atingido a planta da companhia em Goianésia, Goiás, a fonte explica que não há impacto significativo sobre o volume de exportações e a receita da companhia. “A planta é uma das menores e a empresa pode redirecionar [a produção] para outras [unidades]”, diz, informando que a capacidade de abate da unidade é de apenas 500 cabeças por dia. Por outro lado, empresa tem uma planta em Palmeiras de Goiás, com capacidade de abate de 2.000 cabeças por dia, o que é suficiente para absorver a demanda da planta de Goianésia.